Coletivos da bola e da luta
“Ganhar ou perder, mas
sempre com democracia”,
Faixa levada por jogadores do Corinthians durante a campanha das Diretas Já
Dois projetos políticos autoritários envolvendo o futebol ganharam certa atenção da mídia nos últimos meses. Na Turquia, o Istambul Başakşehir sagrou-se campeão do país dentro da escalada de poder do presidente Recep Erdoğan e de seu partido, como contou o historiador Makchwell Coimbra Narcizo, no portal Ludopédio, no final de julho. Na França, o Paris Saint-Germain, que recém disputou o título da Liga dos Campeões, faz parte da ambição do Catar de se tornar influência internacional – a realização da Copa do Mundo de 2022 é outro item do plano –, como relatou o jornalista Jamil Chade, no UOL, em meados de agosto.
Essas duas histórias estão longe de ser exceção no uso do jogo de bola no planejamento de políticos, principalmente de ditadores. Benito Mussolini, por exemplo, aproveitou-se da seleção italiana, bicampeã mundial em 1934 e 1938, como ferramenta de propaganda do fascismo. Adolf Hitler fez o mesmo com os Jogos Olímpicos de Berlim, em 1936. Também copiou esse modelo a Junta Militar que tomou o poder na Argentina em março de 1976, usando a Copa do Mundo de dois anos depois a seu bel-prazer – não só em termos de poder político, mas também econômico.
[Continua...]