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Artistas locais, shows menores e eventos na rua: o que esperar da retomada cultural em Porto Alegre

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Artistas locais, shows menores e eventos na rua: o que esperar da retomada cultural em Porto Alegre Foto: Equipe Cassius Souza
Retomada do setor dependerá de financiamento público e privado, especialmente para a sobrevivência de grupos e artistas fora do mainstream Por Fernanda Wenzel “O telefone não parava de tocar, era um cancelamento depois do outro”, lembra a produtora Alice Castiel sobre aquele segundo final de semana de março, em que Porto Alegre começou a parar em função da pandemia.  O setor cultural foi o primeiro a fechar com a crise do coronavírus, e está no fim da fila no processo de reabertura. “Tu não vai a um bar para comprar um produto, mas para comprar justamente essa aglomeração”, resume Eduardo Titton, um dos sócios do Agulha, bar do Quarto Distrito de Porto Alegre que também é uma casa de shows.  Paradoxalmente, a cultura nunca foi tão valorizada como durante o isolamento social que já dura quatro meses. A arte é um dos poucos antídotos à angústia da vida na quarentena, como evidenciam a profusão de lives musicais, o aumento da venda de livros e dos acessos a plataformas de streaming. Quando o pior da pandemia passar, a arte também será protagonista na reconciliação dos porto-alegrenses com a cidade, mas terá de se reinventar, acredita Leandro Valiati, professor de economia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Universidade Queen Mary, de Londres, Reino Unido. “Vai estar todo mundo muito ansioso para viver a cidade, e a cultura é uma parte importante disso. É um setor estratégico na retomada”, disse. Mas esse retorno à “normalidade” terá de ocorrer em um novo formato na opinião de Vailati, especialista em economia da cultura e indústrias criativas. “O mundo foi submetido a um desafio muito grande, especialmente nas atividades que envolvem contato social, e isso é parte essencial da atividade cultural”, explica. Alice Castiel, fundadora da Juba Cultural e produtora do Projeto Concha, acredita que não haverá outro caminho a não ser reduzir o tamanho dos eventos e apostar na valorização dos artistas locais. “Esquece festival, esquece show em lugar fechado com 500 pessoas”, diz a produtora, responsável também pela produção da banda Trabalhos Espaciais Manuais (TEM) e de artistas locais como Thays Prado, Pedro Cassel, Alexandre Kumpinski e a rapper pelotense Bart. “Acho que vai haver um processo de regionalização da cultura, porque vai ser muito difícil trazer um artista de São Paulo para fazer um show para um terço do Opinião, por exemplo. Tu só consegues pagar este show colocando 800 pessoas lá dentro, se forem 300, o show não se paga. Então as pessoas vão ter que consumir mais localmente. Acredito que teremos mais shows minimalistas, pequenos, intimistas, em casa”, aposta.  O Agulha nasceu em 2017 justamente com a proposta de ser palco para os músicos gaúchos. Com o tempo, o bar foi se abrindo a músicos de outros estados, mas agora planeja voltar ao seu DNA. “Os primeiros shows serão só de artistas locais, para que a gente possa fortalecer esse retorno pós-pandemia dando a eles esse lugar de destaque”, afirma Guilherme Thiesen Netto, curador e programador […]

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