Juremir Machado da Silva

A amante de Proust

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A amante de Proust Imagem: Municipalité Paris
Se Gilberto Schwartsmann fosse cirurgião, seria possível sugerir que ele trocou o bisturi pela pena, se já não fosse um homem de computadores. Ele continua labutando como o grande oncologista que é, mas, aposentado como professor da UFRGS, encontrou, enfim, todo o tempo necessário para a literatura. Publica um belo livro atrás do outro. O mais recente, “A amante de Proust” (Sulina), é show. Nada mais, nada menos, do que a história de uma mulher recolhida ao famoso hospital psiquiátrico francês Pitié-Salpêtrière, aos cuidados de certo Doutor Palais. Ela foi para a cama com o famoso “tout-Paris”, de André Gidé a André Malraux e Pablo Picasso. Bonita e disponível, secretária na “Nouvelle Revue Française”, que se tornaria uma publicação mitológica, a moça, de origem humilde, aprende literatura entre os lençóis.

O resultado dessa pedagogia pela imersão sexual é uma especialização em Marcel Proust como nem a Sorbonne poderia oferecer. Entre ensaio e romance, com um texto delicioso e fluente, “A amante de Proust” reconstrói o cenário intelectual da Paris, ainda capital cultural do mundo, das primeiras décadas do século XX. A pegada é assim: “Picasso mencionou que conhecia quase todos os diretores da Nouvelle Revue Française. Perguntou se eu namorava alguns deles. Eu respondi que, naquele momento, não. Ele deu uma gargalhada! No dia seguinte, no horário combinado, eu bati na porta do seu ateliê. Ele abriu a porta, eu entrei e ele imediatamente me abraçou. Beijou meu rosto e depois recuou um passo e examinou meu corpo com os olhos, de cima a baixo. Disse que eu deveria ser muito mais linda se estivesse completamente nua. Eu não respondi nada e tirei a roupa”.

Até com o brasileiro Santos Dumont, mais interessado em voar, ela andou flertando. Um belo livro sobre a paixão pela obra de Proust.

Moacyr Scliar, o sanitarista

Médicos escrevem, inclusive sobre outros médicos, para alegria de leitores que só vão ao médico. Germano Bonow, conhecido como político e secretário de Saúde do Rio Grande do Sul, mostra a sua nova faceta em “Moacyr Scliar, medicina, saúde pública e história” (Padula editora). Bonow foi colega e amigo de Scliar. Em seu livro, aborda a vida do escritor como sanitarista. A cada página aparece o Moacyr menino, jovem, estudante, até péssimo jogador de basquete. Quem gosta da obra de Scliar – difícil achar quem não goste –, vai se deliciar com a formação desse grande contador de histórias, humanista, ficcionista, dotado de uma imaginação transbordante e de um realismo fantástico.

Continua...

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