Juremir Machado da Silva

Ambições eleitorais

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Ambições eleitorais Foto: Felipe Dalla Valle / Palácio Piratini

O que é do homem a ambição come. Jair Bolsonaro fez um governo abominável, mas nunca pensou realmente em não concorrer à reeleição. Lula pretende dar uma reviravolta de cinema em sua vida: de presidente com alto índice de popularidade a ex-presidente preso e, se o roteiro não falhar e o eleitor não mudar, presidente de novo. É mole?

Eduardo Leite resolveu deixar o governo do Rio Grande do Sul para ficar disponível a ser candidato ao lugar de Bolsonaro. Por qual partido? Pelo seu PSDB. Acontece que o PSDB escolheu, em prévias, o governador de São Paulo, João Dória, para a disputa. Leite ameaçou ir concorrer pelo PSD. Ouviu súplicas para não sair. Quer herdar o posto de Dória, que não decola nas pesquisas. Poderá ser candidato do PSDB, do União Brasil e do MDB, com Simone Tebet de vice.

A chapa teria o diferencial simbólico de ser composta por um gay e uma mulher. Uma pergunta ulula: fica bem tomar o lugar do escolhido numa prévia? Não vai colar em Leite a pecha de mau perdedor? Se ganhar a eleição, não. Restará o ódio de Dória, que, segundo alguns, não tem moral para fazer cobranças, por ter traído Geraldo Alckmin, que teria ido para o PSB fazer aliança com Lula para dar o troco.

Sérgio Moro viu o cavalo passar encilhado e montou. Era o corcel Lava Jato. Virou matungo. No galope, acabou no governo de Jair Bolsonaro, que ajudou a eleger, com suas manobras parciais, anuladas pelo Supremo Tribunal Federal, embora sonhando mesmo com a cadeira presidencial. As pesquisas indicam que Moro mora longe do Planalto e assim vai continuar. O charme do ex-juiz não era a toda prova.

E Ciro Gomes? Tem Lula no meio do caminho. Uma pedra difícil de ser removida. Ciro é uma metralhadora que dispara tiros certeiros para todo lado. Só que, por enquanto, não derruba ninguém. Nessa corrida maluca, cada um segue a orientação dos seus desejos mais irrefutáveis, poder e satisfação pessoal. A tal terceira vai a trote enquanto Lula e Bolsonaro galopam. O argumento mais forte da turba da rabeira é que a campanha ainda não começou.

Bolsonaro conta vencer com ajuda do dinheiro público, que decidiu usar em pacotes de bondades tardias. Além disso, esperar a volta dos que não foram, aqueles que chegaram a gostar de Moro e a detestar o capitão por causa de sua estupidez natural. Na falta de via melhor, vai o “capetão” mesmo, ainda mais que ele anda de bico calado.

Já quase não dá show no cercadinho, não insulta ministro do STF nem fala mal da vacina. Um estadista. Um gentleman. Parece que esse silêncio é resultado dos bons conselhos do Centrão, que cobrará caro pela consultoria em caso de vitória. Se vier a derrota, o Centrão terá de migrar para o governo vencedor. Afinal, tem a tal da governabilidade. Segundo os cínicos a eleição no Brasil só existe para escolher quem vai negociar com o Centrão.

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