Juremir Machado da Silva

Canalhices governamentais

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Canalhices governamentais Foto: Marcelo Camargo / ABr
Tem uma pergunta que me tira o sono: Jair Bolsonaro é burro? Em princípio, sim. Se é burro, o que muitos indicadores parecem confirmar, como chegou à presidência da República? Existiria um tipo de inteligência estratégica capaz de fazer de um burro geral um ser político competitivo? Uma hipótese radical é esta: o capitão era o burro certo, no lugar certo e na hora certa, ou seja, na hora errada para o Brasil. No clima da Lava Jato e do antipetismo, impulsionado pelos vazamentos seletivos de Sérgio Moro, com aval da mídia, e com apoio do sempre cínico mercado, Bolsonaro deu o golpe da sua vida: ser presidente pelo voto. Tudo o que enterraria um candidato qualquer – homofobia, racismo, machismo, ignorância, negacionismo, ultradireitismo – fez dele o homem ideal. Para não ter erro, Lula foi para a cadeia. Mas, afinal, Bolsonaro é burro ou muito burro?

A pergunta tem um gancho: o governo estuda, neste ano eleitoral, em que o capitão só pensa na reeleição, estraçalhar o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Quer reduzir de 8% para 2% o valor a ser recolhido pelos empregadores e encolher de 40% para 20% o valor da multa sobre o FGTS em caso de demissão. É uma baita canalhice. Michel Temer esculhambou a legislação trabalhista. Bolsonaro concretizou a reforma da Previdência. Faltava o FGTS. Propor uma facada desse tamanho nos trabalhadores, em ano de ir às urnas, é a prova definitiva da sua burrice ou, ao contrário, a demonstração cabal da sua estultice, um gesto para ganhar de vez o tal do mercado?

Parece que a esperteza é a seguinte: o governo tenta asfixiar o FGTS, mas não consegue. O trabalhador respira. O mercado fica satisfeito com a sinalização e apoia o capitão de malícias (mais uma vez) para que o assassinato do FGTS seja consumado depois da eleição.

Continua...

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