Juremir Machado da Silva

Reagente Bolsonaro

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Reagente Bolsonaro Foto: José Dias/PR

Jair Bolsonaro é um reagente. Fez a direita brasileira, que se disfarçava de social-democracia, de centro ou de centro democrático, aparecer como de fato ela é: com forte tendência para a extrema direita ou inclinada para a extrema direita se a opção for de esquerda. PSDB e MDB, por exemplo, pelo efeito desse poderoso reagente, revelaram-se como uma fotografia num banho químico: forte viés de extrema direita. Tudo o que esses partidos faziam tinha algo de ficção, fingimento, pura embalagem, jogo. Na hora das definições, ficaram com Bolsonaro. Se precisar – e vai – ficarão novamente. O reagente Bolsonaro fez vir à tona o reacionarismo de tucanos e emedebistas em matéria de comportamento e de políticas públicas.

O que teve de tucano votando a favor da pauta ideológica do homeschooling é uma vergonha. O MDB, que fazia oposição consentida à ditadura, o que não deixava de ser uma forma de colaboração, mostra cada vez mais a sua cara. Os caciques do MDB do Rio Grande do Sul cheiram a bolsonarismo a um quilômetro de distância. O PP, que se renovou em aparência com o rótulo de Progressistas, e Republicanos, o braço político da Igreja Universal, assumem-se agora publicamente como “conservadores e de direita”. Um quer ser mais bolsonarista do que o outro. Exibem com orgulhos os rótulos antes escondidos. O PP, principal pilar da ditadura, junto com o DEM, agora União Brasil, cansou de ficar no armário. Só falta voltar a se chamar ARENA.

O DEM, antes de se batizar como União Brasil, tentou enganar a população apresentando-se como parte de um “centro democrático”. A empulhação era tão grande que ninguém levou a sério. No PSDB, conforme a mídia, Aécio Neves trabalha para implodir a terceira via, que nunca passou de alça de acesso para um bolsonarismo sem Bolsonaro, e ajudar o capitão de malícias. Para que ficar com um genérico se é possível ter o original? O reagente Bolsonaro não deixa coisa alguma encoberta. Só não se aplica a orçamentos secretos e outras denúncias familiares de todos. Nesses elementos toda química falha. A mídia revela, o original desaparece, o bagulho não avança na justiça, ou encontra soluções impressionantes do tipo carregar mala de dinheiro não é crime. E assim cada figura ganha a sua feição como numa caricatura: os traços mais contundentes saltam, enfim, à vista para riso geral.

Bolsonaro tornou o Brasil mais explícito.

Por onde ele passa nada mais floresce.

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