Juremir Machado da Silva

Uma semana brasileira

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Uma semana brasileira Foto: Reprodução de vídeo gravado por testemunhas
  • Homem negro, com problemas mentais, desarmado, de bermuda, camiseta e mãos vazias, é imobilizado por agentes da Polícia Rodoviária Federal, tem pés e mãos amarrados e é colocado no porta-malas de uma viatura, onde uma bomba de gás é acionada. Os policiais ficam segurando a tampa até a vítima parar de se mexer. Um vídeo mostra a execução do sergipano Genivaldo dos Santos. Policiais admitiram ter usado o “espargidor de pimenta e gás lacrimogêneo” por ser tecnologia “de menor potencial ofensivo”. É a câmara de gás móvel. Isso não pode ser chamado de fatalidade. É assassinato mesmo. “Crime” da vítima: estar pilotando uma motinho sem capacete.
  • Uma palestra do presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, foi cancelada, em Bento Gonçalves, Rio Grande do Sul, por pressão de empresários bolsonaristas. Eis o que se costuma chamar de vergonha alheia. Mico desses não se esquece. E dizer que o RS já se viu como o mais politizado Estado brasileiro. Assim é que morrem as democracias.
  • Li na coluna de Thiago Amparo, depois de ter ficado chocado com imagens e manchetes: “Vamos parar de fingir que a polícia fluminense precisava que 25 pessoas fossem executadas — oito das quais nem se sabe quem são — para apreender meia dúzia de armas e drogas; se precisar, a polícia é, além de morticida, incompetente. Sufocar o financiamento das drogas e controlar armas é mais eficiente e até salva vida de policiais. Vila Cruzeiro não é, no sentido legal, operação policial (quem por ela responde, legalmente?); no sentido tático, é um teatro macabro; no sentido literal, é chacina”.
  • Está no Senado, já aprovado pela Câmara dos Deputados, um projeto que desfigura a justiça eleitoral. Pela cacaca, gestada e embalada pelos nobres deputados, o Tribunal Superior Eleitoral perde força, as multas a partidos por irregularidades nas contas de campanha ficam desidratadas e o tempo de prescrição dos crimes é reduzido para que se possa alcançar a impunidade com três pulinhos. Dá vergonha ler.
  • O presidente Jair Bolsonaro não pagou multa por não usar máscara de proteção contra o coronavírus e foi inscrito na dívida ativa do Estado de São Paulo. Ele está orgulhoso.
  • Deu no jornal: “Faltam vagas em UTI para crianças em SP, RS e SC; bebês morrem na fila em PE”. (UOL)
  • “Com áreas isoladas, Grande Recife tem dia de caos, mortes e desaparecidos.” (UOL)
  • “’Não é a polícia que é racista, é o Brasil’, diz ouvidor das polícias em SP.” (UOL)
  • “Militância bolsonarista fatura até R$ 1 milhão com vídeos propagando fake news sobre eleições.” (O Globo)
  • “Salários de militares têm alta real de 30% em uma década – Forças Armadas lideram ganho salarial nos últimos dez anos, enquanto para demais servidores a alta foi de 13%.” (Estadão)

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Foi chamado de quase tudo:
Filho da puta, jornalista,
Gênio incompreendido, puta.
Aplicaram-me todos os rótulos,
Reacionário, sonhador, canalha
Comunista, anarquista, falha.
Mas nunca me deixei apanhar
Em crime de negacionismo,
Ou qualquer variação do fascismo.
Criei a minha própria pantalha,
Jamais estou onde me esperam,
Tenho sempre outra instância.
Surjo poeta por implicância,
Cronista sem militância,
Salvo a da democracia,
Algo há de se fazer dos dias.

Terra Mátria com Tarso Genro

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