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Diário da Espera: Clarissa Pont

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Diário da Espera: Clarissa Pont Das crianças em casa Segunda-feiraMatias, 4 anos, disse:– Mamãe, eu não quero que o tempo acabe.Ainda estou pensando sobre o que ele quis dizer com isso – pode ser muito bonito e muito catastrófico ao mesmo tempo. Terça-feiraSebastião, 7 anos, acompanhando o vídeo que fiz dele e postei no Instagram, tasca:– Isso aí é tipo tu TE OLHAR NO PASSADO.(É como aquela tuitada famosa: Actually, it’s only existentialism if it comes from the existentialism region of France). Quarta-feiraConvencionamos uma hora por dia de cada criança em seu quarto, depois do almoço. Essa uma hora dura o tempo que eles aguentarem – e isso tem aumentado a cada dia. Quando saem do quarto, estão até com saudades um do outro. Famílias com dois ou mais filhos (e com dois ou mais quartos): testem, tem funcionado. Quinta-feiraA sensação que eu tenho é de que a vida tem sido cozinhar e lavar a louça e dormir e cozinhar e lavar a louça e dormir. E tentar trabalhar. E dar banho em criança. Bolo, massinha de modelar, desenho, banho de mangueira… tudo que eu queria agora era ter um videogame em casa. Sexta-feiraSebastião pula na minha cama de manhã e tasca:– Mamãe, né que parecer é diferente de ser? SábadoO Matias pede para ouvir música na TV o dia todo. Nossa parada de sucessos inclui o Grupo Triii (Angélica e Marcos, eu sempre lembro de vocês dois sentados no chão da casa de Torres rodeados por crianças ensinando as coreografias) e toda a discografia do Alceu Valença. DomingoAs crianças estão desenvolvendo pesquisas sobre temas bastante específicos – as in Sebastião e sua pós-graduação em petauros-do-açúcar, que vêm a ser uns morcegos pequenos que parecem voar de paraglider.Matias, nosso pequeno físico, pergunta: Por que o gelo boia no suco? Quem é mais alto é sempre mais pesado? Né que MÚMIAS FANTASMAS não existem? ______ Clarissa Pont é jornalista, mãe do Sebastião e do Matias. Mestranda na Ufrgs e na Flacso, pesquisa políticas públicas em cultura. Entre Porto Alegre e Belo Horizonte até o ano passado, agora vive a quarentena em casa enquanto tenta aliar trabalho, filhos e leituras.

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Das crianças em casa Segunda-feiraMatias, 4 anos, disse:– Mamãe, eu não quero que o tempo acabe.Ainda estou pensando sobre o que ele quis dizer com isso – pode ser muito bonito e muito catastrófico ao mesmo tempo. Terça-feiraSebastião, 7 anos, acompanhando o vídeo que fiz dele e postei no Instagram, tasca:– Isso aí é tipo tu TE OLHAR NO PASSADO.(É como aquela tuitada famosa: Actually, it’s only existentialism if it comes from the existentialism region of France). Quarta-feiraConvencionamos uma hora por dia de cada criança em seu quarto, depois do almoço. Essa uma hora dura o tempo que eles aguentarem – e isso tem aumentado a cada dia. Quando saem do quarto, estão até com saudades um do outro. Famílias com dois ou mais filhos (e com dois ou mais quartos): testem, tem funcionado. Quinta-feiraA sensação que eu tenho é de que a vida tem sido cozinhar e lavar a louça e dormir e cozinhar e lavar a louça e dormir. E tentar trabalhar. E dar banho em criança. Bolo, massinha de modelar, desenho, banho de mangueira… tudo que eu queria agora era ter um videogame em casa. Sexta-feiraSebastião pula na minha cama de manhã e tasca:– Mamãe, né que parecer é diferente de ser? SábadoO Matias pede para ouvir música na TV o dia todo. Nossa parada de sucessos inclui o Grupo Triii (Angélica e Marcos, eu sempre lembro de vocês dois sentados no chão da casa de Torres rodeados por crianças ensinando as coreografias) e toda a discografia do Alceu Valença. DomingoAs crianças estão desenvolvendo pesquisas sobre temas bastante específicos – as in Sebastião e sua pós-graduação em petauros-do-açúcar, que vêm a ser uns morcegos pequenos que parecem voar de paraglider.Matias, nosso pequeno físico, pergunta: Por que o gelo boia no suco? Quem é mais alto é sempre mais pesado? Né que MÚMIAS FANTASMAS não existem? ______ Clarissa Pont é jornalista, mãe do Sebastião e do Matias. Mestranda na Ufrgs e na Flacso, pesquisa políticas públicas em cultura. Entre Porto Alegre e Belo Horizonte até o ano passado, agora vive a quarentena em casa enquanto tenta aliar trabalho, filhos e leituras.

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