Antes da volta da cogestão, Piratini recrudescerá bandeira vermelha
Governo deve recrudescer bandeira vermelha
A uma semana do provável retorno da cogestão ao modelo de distanciamento controlado, o Governo do Estado estuda formas de endurecer os protocolos da bandeira vermelha, para evitar com que prefeituras flexibilizem demais, intensificando a pressão sobre o sistema de saúde. Isso porque é consenso que o Estado seguirá em bandeira preta ao menos até meados de abril. Ontem, o RS passou da marca de 15 mil vítimas da Covid-19.
A possível permissão para que prefeitos reduzam as restrições se dá quase em medida de socorro aos negócios não essenciais, cujo funcionamento está vetado desde o fim de fevereiro. “Significa termos, na semana que vem, uma possível retomada de atividades, mas com restrições bastante fortes”, explicou o governador Eduardo Leite (PSDB). Ainda não foi batido o martelo sobre o que vai mudar. A avaliação por enquanto é de que não ocorram mudanças nos protocolos da bandeira vermelha para a indústria, para a construção civil ou para os serviços domésticos.
A contrapartida indicada pelo Piratini será a colaboração: “Se não houver engajamento e processo de fiscalização para garantir que medidas restritivas sejam cumpridas, a suspensão da cogestão pode ser exigida a qualquer momento”, afirmou o governador. “O modelo será mais rigoroso nos protocolos da bandeira vermelha e vamos precisar de muita colaboração dos prefeitos”, complementou o titular da nova Secretaria de Desenvolvimento Regional, Luiz Carlos Busato (PTB).
Especialistas advertem que se a transmissão do vírus chegar a aumentar a partir do atual padrão, a situação de colapso no sistema de saúde seguirá por um longo período ainda: “Já com a taxa atual, o sistema de saúde conviverá com sobrecarga até o final de maio, porque a desocupação de leitos é muito lenta. Porém, se a transmissão aumentar, isto vai perdurar por ainda mais tempo”, alertou a professora do Departamento de Estatística e do PPG em Epidemiologia da UFRGS, Suzi Camey.
O que mais você precisa saber
Ataques de Roberto Jefferson podem levar à debandada de deputados do PTB gaúcho – O vice-governador do RS, Ranolfo Vieira Júnior (PTB), começou o dia de ontem repudiando os ataques feitos pelo presidente nacional do seu partido, Roberto Jefferson, que classificou como “repressora” a condução do Palácio Piratini no combate à pandemia. Apoiador de Bolsonaro, Jefferson reagiu ameaçando colocar para fora do PTB o vice-governador gaúcho. Os petebistas gaúchos, então, divulgaram nota em apoio a Ranolfo e afirmaram que Jefferson teria que fazer o mesmo com os deputados estaduais e federais do partido. A relação com a direção nacional seguiu azedando ao longo da tarde, quando Jefferson publicou no Twitter que dissolveria o diretório regional da sigla (🔒), o que de fato aconteceu, com Edir Oliveira sendo anunciado como novo presidente da legenda no RS. O então presidente regional do PTB, Luis Augusto Lara, respondeu que o grupo não aceitaria canetaço nenhum: “Com PTB ou sem PTB, estamos todos unidos”. À Rádio Guaíba, Ranolfo afirmou que os ataques a ele e a Eduardo Leite (PSDB) começaram quando o governador lançou-se como possível candidato ao Planalto.
Suspenso o leilão de privatização da CEEE-D – O processo de privatização da Companhia Estadual de Distribuição de Energia Elétrica (CEEE-D) foi suspenso pela Justiça do Rio Grande do Sul. A decisão liminar é resultado de uma ação movida por integrantes da União Gaúcha em Defesa da Previdência Pública. Num primeiro momento, o pedido havia sido negado, mas a desembargadora Laura Louzada Jaccottet concedeu efeito suspensivo ao recurso. Dessa forma, o leilão, inicialmente marcado para 31 de março, não poderá ocorrer até o julgamento do mérito. A Procuradoria-Geral do Estado irá recorrer da decisão. Um dos autores da ação alegou que o edital traz graves violações à Lei de Responsabilidade Fiscal. Ainda é mencionada a quantia a ser renunciada pelo Rio Grande do Sul, que corresponde à dívida de ICMS: cerca de 2,8 milhões de reais. Dentro da empresa, a meta é acelerar as demissões, um tema que volta a ser discutido hoje no Tribunal Regional do Trabalho.
Parceria entre startup gaúcha e rede de farmácias oferece testes genéticos – A parceria entre as farmácias Panvel e a startup hygia banck, do Rio Grande do Sul, garantiu o oferecimento de testes genéticos. O produto analisa mais de 90 variantes genéticas (🔒) que indicam predisposições para diferentes problemas clínicos. A partir da testagem, é gerado um relatório que passa pela avaliação de um profissional de saúde e isso possibilita a elaboração de um plano de prevenção. São três variedades de testes: treino, nutri e bem estar. Em janeiro deste ano, uma pesquisa que reuniu as universidades de East Anglia, do Reino Unido, e Leiden, da Holanda, mostrou que testes genéticos têm condições de colaborar para a prescrição de remédios e até mesmo melhorar efeitos colaterais em pacientes. A seleção mais aprimorada de medicamentos baseada nessas informações pode ainda ajudar os serviços de saúde, já que evitariam um possível retorno de pacientes para a troca de remédios.
Vacina, sim!
A vacinação em Porto Alegre prossegue para o público a partir dos 76 anos. A imunização pode ser realizada em 21 Unidades Básicas de Saúde e nos drive-thrus no Big Sertório e no Big Barra Shopping. Se tiver dúvidas sobre a aplicação da 2ª dose da vacina, leia neste link produzido pelo Matinal com perguntas e respostas sobre o procedimento.
Outros links:
- Para ajudar a aliviar a pressão de hospitais e postos, o Conselho Estadual de Educação deve autorizar que alunos de cursos técnicos na área de saúde se formem (🔒) antes do prazo no RS. Somente em Porto Alegre, serão mais de 500 servidores.
- Prevista inicialmente para hoje, a abertura do hospital de campanha em Porto Alegre foi adiada. A unidade terá capacidade de atender 12 pacientes em leitos clínicos e oito em tratamento intensivo.
- O Centro Estadual de Vigilância, em conjunto com o Conselho Regional de Educação Física, publicou uma nota de esclarecimento sobre as restrições referentes às academias, centro de treinamento e similares no RS.
- Com superlotação, o único hospital de Gravataí decidiu atender somente pacientes em estado grave. A medida foi determinada para desafogar os leitos de Covid-19, área que diariamente atinge 140% da capacidade.
- O agravamento da pandemia fez o número de enterros aumentar em 20% na Capital. O crescimento foi registrado em janeiro e fevereiro deste ano na comparação com o mesmo período do ano passado.
- O Consórcio dos municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre e a Famurs assinaram o termo de ajuste operacional para a aquisição de vacinas. O documento teve a adesão de 450 prefeituras.
- Prioridade do governo Melo, a reforma da previdência municipal passa a trancar a pauta da Câmara a partir de sexta, mas ainda não tem data para ser votada.
- O Ibama renovou por 10 anos a licença de Operação da Rota do Sol. A autorização determina as regras ambientais a serem seguidas durante a utilização da rodovia, válida até 2031.
- A atividade agrícola e a presença de múltiplos metais no solo estão afetando a qualidade da água em áreas de drenagem da região do Alto Uruguai, no Norte gaúcho.
- A empresa gaúcha Irani Papel e Embalagem desenvolveu uma solução sustentável para a Nespresso (🔒). A companhia produziu papel 100% biodegradável e reciclável utilizado como matéria-prima de sacolas.
E sobre os recuperados, ninguém fala?
Na crônica de hoje, a jornalista Patrícia Lima responde à turba que, de tanto gritar à procura pelos recuperados, parece ter ficado surda para os pedidos de socorro de quem ainda enfrenta sequelas da doença.
“Planejei algumas vezes postar aquela foto com ela e o tradicional cartaz ‘Eu venci a Covid-19’. Hoje sei que fazer isso não teria o menor sentido. Ela venceu o vírus, sim. Mas ainda amarga tratamento após tratamento, em uma pequena, discreta e épica luta, guiada pelo mais forte dos instintos, que é o da vida.”
Leia a crônica completa aqui.
Cultura
A paz virá ainda nesta vida?
O documentário brasileiro América Armada registra o trabalho de três ativistas que enfrentam a violência em três localidades: numa favela no Rio de Janeiro, na cidade colombiana de Medellín e no estado mexicano de Michoacán. Os diretores Alice Lanari e Pedro Asbeg comentam como foi o processo de filmagem, comparam as situações dos três países mostrados no longa e alertam para um conturbado cenário social e institucional no futuro próximo no Brasil com a flexibilização do porte de armas. “Considerando esse poderio bélico, somado ao apoio maciço das polícias militares a Bolsonaro, pode-se prever um embate violento em caso de contestação do resultado das próximas eleições presidenciais e, no pior dos cenários, uma guerra civil”, prevê Asbeg em entrevista a Roger Lerina.
Agenda (🔒)
Para receber todas as dicas culturais do Roger Lerina enviadas aos assinantes premium do Matinal, assine aqui.
O ambientalista e ativista indígena Ailton Krenak participa do seminário Arte como Respiro, do Itaú Cultural, às 17h, em bate-papo com o psicanalista Christian Dunker.
O diretor e roteirista Jorge Furtado conversa com a jornalista Flávia Guerra em live, às 20h.
Às 21h, prestes a completar um ano em formato online por conta da pandemia, o Sarau Elétrico aborda o tema “Recordar é viver” com o trio titular formado por Diego Grando, Katia Suman e Luís Augusto Fischer. A canja é do músico Tchê Gomes.
E mais.
Você viu?
Hora do recomeço. Após viver uma desilusão amorosa que terminou com um desencontro em Osasco, São Paulo, o gaúcho Matheus Quadros, de 18 anos, conseguiu um emprego em Gravataí, cidade onde nasceu. Ele tinha planejado começar uma vida nova com a namorada virtual, com quem se relacionava havia dois anos. Com a promessa de que viveriam juntos e de um trabalho em solo paulista, Matheus desembarcou em Osasco e se surpreendeu ao perceber que ninguém o esperava no Terminal Tietê. Sem dinheiro para retornar, teve de ser resgatado por policiais para fazer a viagem de retorno. A reviravolta na trajetória de Matheus ocorreu graças ao casal Kelly e Gilmar Pomier, que sensibilizaram com a história do adolescente. Agora ele trabalhará nos supermercados Pomier e passará por um período de 90 dias de experiência. Vida que segue, guri.
