Indicado reitor, Bulhões contradiz o que defendeu em julho
Acerto entre universidade, Ministério Público Federal e movimento estudantil permitiu criação de matrícula provisória para cotistas em 2016 (Foto: Divulgação)
Em julho, Bulhões afirmou que primeiro colocado deveria ser nomeado reitor
Nomeado novo reitor da UFRGS pelo presidente Jair Bolsonaro, Carlos Bulhões não deu entrevistas à imprensa ontem, mas seu nome dominou o noticiário local. Voltou a circular um vídeo gravado em 1º de julho quando, em um debate online, o diretor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas manifestou-se sobre a possibilidade de o presidente escolher para a reitoria um nome diferente do apontado pela comunidade: “O meu desejo, e respeitando a todos, é que devemos, sim, respeitar esse resultado e que o primeiro seja nomeado”, disse na ocasião o professor e engenheiro civil, que acabou como terceiro colocado na consulta interna, vencida pela chapa de Rui Oppermann, atual reitor.
Quando estava em campanha, Bulhões comprometeu-se em “não abandonar as coisas boas” mas “corrigir rumos errados”, destacando a natureza da UFRGS como instituição “pública, gratuita, de qualidade, autônoma e inclusiva”. Alagoano radicado na capital gaúcha há mais de 30 anos, leciona na área de engenharia da universidade. Em 2018, recebeu o Troféu Câmara Municipal em Porto Alegre pelo seu trabalho ambiental sobre arroios urbanos, em especial àqueles relacionados à recuperação do Arroio Dilúvio.
Apesar da trajetória e do seu discurso de campanha, a chancela que recebeu de Bolsonaro dá margem para temores dentro da comunidade. Lucio Olimpio Carvalho Vieira, presidente da Adufrgs-Sindical, que representa os professores da instituição, ressaltou que falta legitimidade ao processo apesar de não haver ilegalidade na escolha por Bulhões, já que o presidente pode escolher qualquer um dos três nomes indicados pelo Conselho Universitário. “É a postura que esse governo tem adotado para aumentar sua posição anti-universidade pública e anti-educação pública”, afirmou ao Sul21.
Em nota, o atual reitor, Rui Vicente Oppermann, e a vice-reitora, Jane Tutikian, afirmam que a decisão de Bolsonaro ignora os avanços dos últimos anos, que mantêm a UFRGS como a melhor das federais do País pelo oitavo ano consecutivo. A deputada federal Maria do Rosário (PT) ingressou com um Projeto de Decreto Legislativo para reverter a nomeação de Bulhões; o instrumento é o único capaz de revogar uma decisão presidencial (🔒).
Hoje o novo reitor e sua vice, Patrícia Pranke, já terão uma prova da resistência que vão enfrentar em seu mandato. Convocado pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE), um protesto está marcado para as 13h em frente à reitoria e tem apoio de associações de alunos, servidores e professores.
O que mais você precisa saber
Horário estendido para bares e restaurantes – Aos poucos o “novo normal” vai se parecendo cada vez mais com o antigo normal. Atendendo a reivindicações do setor, a Prefeitura de Porto Alegre deverá publicar um novo decreto ampliando o horário de funcionamento dos bares e restaurantes na Capital. Segundo o Sindicato de Hospedagem e Alimentação de Porto Alegre e Região (Sindha), os estabelecimentos ganharão mais uma hora, operando até as 23h – o que significa que, na prática, poderão deixar clientes entrar até as 22h e ir liberando até o horário limite. “É uma determinação extremamente valiosa pensando no ambiente seguro que estamos buscando. Com a imposição do horário para manter clientes dentro dos estabelecimentos estamos reduzindo as chances de aglomeração e regulando esse atendimento”, comentou o presidente do Sindha, Henry Chmelnitsky.
Ocupação em UTI baixa – A quarta-feira foi marcada por uma boa notícia com relação à pandemia de Covid-19 em Porto Alegre. Pela primeira vez em quase dois meses, o total de pacientes internados com a doença em leitos de UTI na Capital baixou de 300. Chegou a 296 no início da tarde, o que não ocorria desde 24 de julho. Para o chefe da Unidade de Gestão do Paciente Crítico do Hospital de Clínicas, Fabiano Nagel, é preciso aguardar um pouco mais para confirmar a tendência de redução. Ele citou que 1,5% da população da Capital já foi infectada com o coronavírus e alertou: “A quantidade de gente que pode ficar contaminada é enorme”. Dentre os que tiveram contato com o vírus, os trabalhadores de serviços de emergência formam, proporcionalmente, o grupo que mais contraiu a doença. Uma pesquisa indicou uma prevalência de mais de 80% de exposição ao vírus entre esses profissionais, com a produção de anticorpos de 5,5%, ou seja, 1,6 vezes maior do que na população da Capital. O estudo apontou que a contaminação ocorreu entre junho e julho, principalmente – meses em que houve uma acentuação no número de casos em geral na cidade.
Porto Alegre deverá ter 13 candidatos a prefeito – Encerrado o período das convenções partidárias, Porto Alegre deverá ter 13 candidatos na disputa à Prefeitura, em novembro. São quatro chapas a mais que 2016, sem a cogitada frente de esquerda e com o rompimento das siglas que formaram a base da atual gestão. As candidaturas serão oficializadas após o registro pelo TRE, a partir do dia 26. Por ora, deverão ser estas as opções para a chefia do Executivo municipal, citados a seguir em ordem alfabética: Fernanda Melchionna (PSOL), Gustavo Paim (PP), João Derly (Republicanos), José Fortunati (PTB), Juliana Brizola (PDT), Júlio Flores (PSTU), Luiz Delvair Martins Barros (PCO), Manuela d’Ávila (PCdoB), Montserrat Martins (PV), Nelson Marchezan Júnior (PSDB), Sebastião Melo (MDB), Rodrigo Maroni (PROS) e Valter Nagelstein (PSD). Buscarão o voto em uma eleição atípica, como mostra esta reportagem do Matinal, sem o corpo a corpo tradicional.
Outros links:
- Taxa de letalidade do coronavírus em cidades que lançaram o “kit covid” é semelhante à média estadual. Nesta matéria, exclusiva para assinantes, o Matinal explicou por que o kit faz sucesso mesmo sem base científica.
- Os bairros com maior incidência da doença migrou para as periferias, como mostra Paulo Germano. No início da pandemia o Matinal publicou uma matéria antecipando este comportamento.
- O Comitê de Ética e Pesquisa do Hospital Conceição, de Porto Alegre, liberou a participação do hospital para testes de vacina contra Covid-19. A vacina, do laboratório belga Janssen-Cilag, também deverá ser testada no Hospital de Clínicas.
- Enquanto isso, os resultados dos testes com a vacina Sinovac, no Hospital São Lucas, são promissores. Até agora, os 505 voluntários que receberam as doses não tiveram efeitos adversos importantes.
- O Colégio Militar, que havia divulgado a retomada de suas aulas na próxima segunda-feira, agora servirá como projeto-piloto do retorno em Porto Alegre. Os alunos devem voltar em 28 de setembro.
- Apesar de estar desacelerando, a pandemia de coronavírus chegou a praticamente todo o Rio Grande do Sul. Apenas quatro cidades do Estado ainda não contabilizaram oficialmente infectados. O total de mortos ultrapassou 4,2 mil pessoas.
- Profissionais que participarão in loco da Expointer serão testados todos os dias. O Governo do Estado estima cerca de 10 mil testes de Covid-19 entre os dias 26 de setembro e 4 de outubro. A presença do público segue vetada.
- A Feira do Livro de Pelotas anunciou o cancelamento da edição deste ano. A organização do evento ainda não sabe se haverá uma versão virtual da feira.
- Ao menos quatro pessoas se feriram e 40 ficaram desalojadas após o temporal de ontem, no RS. Na região Noroeste do Estado, os ventos chegaram a quase 100 km/h e foram acompanhados por granizo em algumas cidades.
- A Agência Nacional de Aviação Civil aprovou, ontem, os editais de concessão de 22 aeroportos brasileiros. As instalações das cidades gaúchas de Pelotas, Uruguaiana e Bagé estão inclusas.
- O Ministério Público entende que não houve intenção de matar em ação da policial que feriu um angolano e matou uma mulher em Gravataí. Foram disparados 34 tiros durante a abordagem de um suspeito – que não era nenhuma das duas vítimas.
- Um estudo divulgado pela Associação Nacional das Empresas de Transporte Urbano afirma que o uso de ônibus não teria relação com o aumento da pandemia. Epidemiologistas sugerem cautela na análise.
Cultura
Pianistas Bianca Gismonti e Clarice Assad apresentam-se hoje no Unimúsica
Às 20h, o festival Unimúsica – Forrobodó: Quando Elas Tocam tem entre seus destaques as pianistas e cantoras Bianca Gismonti e Clarice Assad. Elas dividem a noite com as instrumentistas Denise Fontoura, Lucinha Turnbull e Natália Carrera, em transmissão que mescla conversas ao vivo e apresentações gravadas com exclusividade para o evento promovido pela UFRGS. Saiba mais detalhes sobre a programação de hoje e confira a entrevista com Bianca Gismonti que será publicada à tarde na News do Roger, enviada com exclusividade aos assinantes premium do Matinal.
Agenda
O ator e diretor Paulo Betti é o convidado da quarta edição virtual do projeto Meu Filme Favorito, do Instituto Ling, às 18h30. Betti conversa com Roger Lerina sobre o longa Central do Brasil, de Walter Salles.
A série de lives No Meu Canto, do Instituto de Cultura da PUCRS, faz edição especial de lançamento do álbum Abrir, estreia do cantor Pedro Cassel, às 18h30.
Hoje também tem estreia do documentário Xadalu e o Jaguaretê, dirigido por Tiago Bortolini de Castro. O longa fica no ar por seis horas, a partir das 18h, na plataforma do festival Amazônia Doc. O longa tem como protagonistas o artista Xadalu e o cineasta Ariel Kuaray Ortega.
E que tal se programar para assistir aos filmes das mostras competitivas do 48º Festival de Cinema de Gramado? O Canal Brasil exibirá as produções a partir desta sexta (18/9) até a cerimônia de encerramento da mostra, no dia 26 de setembro.
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Você viu?
Atingidas em cheio pela pandemia, as feiras de rua de Porto Alegre precisaram se reinventar. O lugar escolhido foram os ambientes virtuais, onde expositores encontram espaço para divulgar seus produtos, manter contato com o público fidelizado nas ruas e conquistar novos clientes. Lives de venda, shows online e catálogo por WhatsApp foram estratégias pensadas pelas empreendedoras Viviane Lemos, sócia da BPS Poa, feira de moda plus size, e Natalia Guasso, organizadora do Brick de Desapegos. “É o momento de se ajudar e de testar. Não tem problema errar, só não podemos ficar paralisados”, acredita ela.
