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RS viveu pico da Covid-19 na metade do inverno

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RS viveu pico da Covid-19 na metade do inverno

Estudo indica que pico da média móvel de óbitos por Covid chegou em agosto no Estado, dois meses depois de o País ter passado por esse marco

No início da pandemia do novo coronavírus, uma das preocupações das autoridades era com o fato de o auge da contaminação tender a coincidir com o inverno, estação que, na Região Sul, costuma registrar índices maiores de mortalidade associadas a insuficiência respiratória.  

“No sul ele (o pico de contágio e óbitos) ainda não começou”, afirmou o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, em 14 de maio. “Temos muito receio porque historicamente no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina as próximas quatro semanas são o período em que todos os anos há um volume muito maior de doenças respiratórias por conta do inverno”, afirmou o ex-secretário executivo do ministério João Gabbardo em 3 de junho. 

Na terça-feira, 22, o inverno chegou ao fim no Hemisfério Sul. Segundo pesquisadores da Rede Análise Covid, em estudo produzido especialmente para Matinal Jornalismo, o Rio Grande do Sul atingiu o pico (59 óbitos) da média móvel do número de óbitos por Covid notificados pelo Ministério da Saúde no dia 2 de agosto, por volta da metade do inverno. Considerada a população gaúcha, esse número é proporcional ao registrado no país no momento em que o nível mais alto de mortes foi atingido, por volta de 2 de junho.

A diferença está no que ocorreu em seguida no Estado e no país, afirmam os autores do estudo, Miguel Angel Buelta Martinez e Isaac Schrarstzhaupt. No Rio Grande do Sul, depois do pico houve, primeiramente, um declínio, seguido de oscilações. “Ocorreu uma diminuição, seguida de aumento e decréscimo, com uma quase estabilização nas últimas três semanas”, sustentam. “No Brasil, esse patamar se manteve por quase 75 dias, a partir do dia 2 de junho de 2020.”

O estudo utilizou números de óbitos por Covid-19 notificados até 20 de setembro de 2020 e os óbitos por síndrome respiratória aguda grave (SRAG) notificados até 7 de setembro de 2020. Os números de óbitos por Covid-19 utilizados no estudo correspondem à média móvel de sete dias, e o dia considerado na pesquisa fica na metade desse intervalo.

RS próximo da estabilidade

Segundo os autores, o Rio Grande do Sul apresenta uma situação próxima da estabilidade em óbitos por Covid. “A média do número de óbitos diários notificados está quase estabilizada, na ordem de 47 óbitos por dia, mas com uma pequena tendência de crescimento, o que deverá ser analisado nas próximas semanas”, sustentam. “Considerando o momento atual da pandemia no Rio Grande do Sul (dia 168) essa média do número de óbitos notificados atual é também da ordem do que ocorreu no Brasil como um todo, nesse mesmo momento.”

As próximas semanas, acrescentam Buelta e Schrarstzhaupt, serão decisivas. “Deve-se ficar atento às variações dessas taxas de crescimento, de modo a rapidamente alterar as projeções, pois, em média, de 10 a 15 dias depois da maior ou menor flexibilização, o número de óbitos diários começa a variar rapidamente”, afirmam. 

Os pesquisadores estimam, com base em registros de óbitos em anos anteriores por síndrome respiratória, que o número real de mortes por Covid-19 possa ser 80% superior ao estimado pelo Ministério da Saúde. Essa hipótese apoia-se na constatação de que ocorreu grande aumento de óbitos por síndrome respiratória aguda grave (SRAG) em relação aos anos anteriores. “No início da pandemia, a grande parte dos óbitos atribuídos à SRAG podem ter sido por Covid-19, mas não notificados como tal, e eram bem superiores aos óbitos notificados por Covid-19. Isso só se inverteu a partir de 24 de junho”, afirmam. Buelta é professor titular do Departamento de Engenharia de Estruturas e Geotécnica da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), e Schrarstzhaupt, gerente de Gestão da Inovação e TI na Treboll Móveis – Unopar, em Flores da Cunha.

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