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Pressionados por empresários, prefeitos ignoram fragilidade da saúde no interior e tentam reabrir comércio

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Pressionados por empresários, prefeitos ignoram fragilidade da saúde no interior e tentam reabrir comércio Prefeitura de Farroupilha recuou na decisão de reabrir o comércio diante do risco de ser responsabilizada pelo MPE-RS. Foto: Adroir Silva.
Prefeitos de 14 municípios haviam determinado a reabertura  do comércio em meio à pandemia. Nove deles não têm nenhum leito de UTI. Os casos de coronavírus no interior vêm crescendo e já representam 41% de todo o Estado *Correção: o total de municípios gaúchos é de 497, e não 500 como estava escrito originalmente. A reportagem foi corrigida no dia 6 de abril. Por Fernanda Wenzel Na última segunda-feira, dia 30, a pacata Ivoti entrou no mapa das vítimas do coronavírus. A morte do empresário Luiz Alberto Anschau, de 60 anos, deixou em alerta o município de 24 mil habitantes, que tem outros três casos confirmados da doença. Em termos proporcionais, a situação é tão grave como a de Porto Alegre, epicentro da epidemia no Estado. Os dois municípios tem 0,16 casos para cada mil habitantes. Mas enquanto Porto Alegre tem 917 leitos de UTI, Ivoti não tem nenhum. Os pacientes mais graves precisam ser levados a outros municípios como Venâncio Aires, Cruz Alta, Novo Hamburgo e até Bagé, a mais de 400 km de distância. A busca por leitos pode demorar até quatro dias, segundo o prefeito Martin Kalkmann (PP). A cidade tem cinco respiradores, o que significa que há um aparelho para cada 400 ivotienses com mais de 60 anos, grupo de risco para a Covid-19. Mesmo assim, o prefeito havia autorizado a volta do funcionamento do comércio a partir de 3 de abril, contrariando as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS). E não foi só ele. Prefeitos de outras 13 cidades também cederam às pressões do empresariado local: Espumoso, Erechim, Santana do Livramento, Ibirubá, Estância Velha, Ijuí, Parobé, São Marcos, Canela, Vacaria, Farroupilha, Uruguaiana e Giruá. “O prefeito que disser que não está sendo pressionado por empresários está mentindo’, diz Kalkmann. As determinações para flexibilizar o isolamento social acabaram sufocadas pelo decreto de Leite que, na quarta-feira, dia 1º, obrigou o fechamento do comércio em todo Estado até o dia 15. “Era o que todos os prefeitos estavam esperando”, diz Kalkmann, que prontamente aderiu às novas determinações. Os prefeitos de Farroupilha e Espumoso ainda tentaram insistir na reabertura do comércio, mas acabaram recuando diante do risco de serem responsabilizados pelo Ministério Público Estadual. A prefeitura de Ibirubá, por exemplo, divulgou nota afirmando que iria acatar o decreto, mas que “esta decisão estadual não encontra simpatia no âmbito da Administração Municipal”. Até o fechamento desta reportagem o prefeito de Uruguaiana, Ronnie Mello (PP), não havia decidido em que medida iria aderir às normas impostas pelo governo do Estado. Segundo o Ministério Público Estadual, os prefeitos que descumprirem o decreto de Leite poderão responder por crime de responsabilidade. Leite tirou das costas dos administradores municipais o fardo de impor a paralisação da economia, mas não os livrou de lidar com a crise de saúde pública que se avizinha: 41% dos casos confirmados de coronavírus do Estado já estão no interior. “A falta de médicos e leitos de UTI é o dia a dia dos prefeitos. O pavor é […]

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