Reportagem

Nova onda pode levar RS a bater recorde no número de casos de covid

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Nova onda pode levar RS a bater recorde no número de casos de covid Número de casos positivos de covid-19 disparou na virada do ano | Foto: Cristine Rochol/PMPA

Porcentagem de testes positivos em farmácias em janeiro só não é maior do que no pior mês da pandemia, em março de 2021

Uma explosão. Assim pode-se definir o que aconteceu com o número de casos de covid nesta virada de ano. Em questão de dias, aquela situação de estabilidade em um patamar baixo que a pandemia parecia ter alcançado transformou-se em uma rotina de notícias sobre amigos, parentes e colegas contaminados pelo coronavírus. Seja em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul ou em nível nacional e mundial.

A decolagem de números, ainda que não se reflita em mortes ou internações graves neste momento, pode levar o Estado a quebrar o seu recorde de casos simultâneos e, pouco a pouco, pressionar o sistema de saúde.

Total de testes rápidos positivos já são o segundo pico de toda a pandemia 

Um dos termômetros para medir o avanço da pandemia, os testes rápidos em farmácias dispararam nesta virada de ano – a ponto de haver o risco de escassez no Brasil em razão de falta de reagentes. No Rio Grande do Sul, apenas em nove dias de 2022 mais exames deste tipo foram realizados que em dezembro inteiro, e a positividade quase dobrou.

De acordo com dados da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) e da Clinicarx, entre 1° e 9 de janeiro, 94.217 testes rápidos foram realizados no Rio Grande do Sul, e 26.187 deram positivo para o coronavírus, 27.79% do total. Na série histórica, iniciada em janeiro de 2021, o índice só é superado uma vez, em março de 2021, que foi o pior momento da pandemia no Estado. Nessa ocasião, 249.428 testes foram feitos e 74.870 (29,98%) detectaram o coronavírus.

Na comparação com os meses anteriores, as entidades também observam o crescimento na demanda, além do salto na positividade. Em dezembro, haviam sido realizados 86.386 testes, com 15,02% de positivos, enquanto em novembro, foram 63.056 testes para 14,56% com resultado positivo – o menor índice desde o começo do levantamento.

“Estamos no comecinho desta onda”

Coordenador da Rede Análise Covid, Isaac Schrarstzhaupt acredita que esta nova onda de contágios ainda esteja no início e pode levar a números recordes de infectados – de acordo com a Secretaria Estadual da Saúde (SES), o pico de casos “em acompanhamento” no RS foi em 5 de março, quando 139.561 estavam com o diagnóstico positivo. 

Em meio à dificuldade de acompanhar o avanço, por conta do apagão de dados do Ministério da Saúde, outra ferramenta tem ajudado a Rede: uma pesquisa feita em parceria entre a Universidade de Maryland e o Facebook, em que os usuários da rede são convidados a responder perguntas e, com base nas respostas, são classificadas como “estilo covid”. Isso ajuda a mensurar a proporção de contaminados no momento.

Conforme Schrarstzhaupt, os dados desta pesquisa indicam um crescimento drástico no RS no início deste ano, o que indica o início da onda. “Depois desses casos leves, começa o aumento de hospitalizações, uns 15 dias depois. Segundo o boletim do Sistema 3As, elas recém começaram a crescer”, afirmou. “Isso tudo são fatores que corroboram que estamos no comecinho desta onda”, concluiu ele, que enfatizou que é necessário cortar a transmissão.

Levantamento em parceria com o Facebook sugere disparada de casos | Imagem: Reprodução Rede Covid

Schrarstzhaupt pontuou que as ondas causadas pela variante ômicron só mostraram sinais de queda em países que adotaram restrições, e mesmo assim ainda não foi uma redução consolidada. Para ele, o comportamento das pessoas é fundamental para a diminuição de casos: “A população mal dar a mínima também atrapalha e mantém a onda alta”.

Em duas semanas, pandemia retoma patamar de sete meses atrás

Nesta quinta-feira, 13 de janeiro, o Rio Grande do Sul reportou pelo terceiro dia seguido mais de 10 mil novos diagnósticos de covid. O total de casos ativos da doença saltou de 6 mil para quase 60 mil em duas semanas, retornando ao patamar de junho passado. O excesso de casos vem, pouco a pouco, pressionando o sistema de saúde, onde as internações em leitos clínicos mais que dobraram nas duas primeiras semanas de 2022, passando de 149 para 402. Esse número vinha caindo de forma consistente desde novembro, após passar por um período de estabilidade.

Existe também o crescimento na demanda por UTI, mas em ritmo menor. As internações em terapia intensiva por causa da covid pularam de 155 para 191 entre 31 de dezembro e 13 de janeiro. Os dados são da Secretaria Estadual da Saúde.

Sem novas restrições ainda

Em razão do crescimento de casos e hospitalizações, o Gabinete de Crise do Governo do Estado classificou as 21 regiões em situação de “Aviso” nas duas últimas semanas. É o primeiro estágio do Sistema 3As de monitoramento, antes de “Alerta” e “Ação” – quando são cobradas medidas de contenção ao vírus dos municípios e quando o próprio Governo decreta restrições.

“Os municípios já têm os protocolos recomendados e obrigatórios e também têm, nas suas regiões, a condição de enxergar quais são as medidas necessárias em cada local”, destacou a secretária adjunta da Saúde, Ana Costa, em material encaminhado pelo Piratini.

Nesta quinta, representantes das coordenadorias e da SES reuniram-se para avaliar a situação, num encontro que poderia encaminhar um “Alerta”. Deliberou-se, porém, apenas medidas preventivas, como um ofício a ser encaminhado ao Ministério da Saúde pela manutenção do custeio de leitos clínicos e de UTI para pacientes com covid-19. Em dezembro, o Ministério anunciou que deixará de custear os leitos Covid a partir de 1º de fevereiro.

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