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Com curva em ascensão, RS quebra recorde de casos ativos de covid

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Com curva em ascensão, RS quebra recorde de casos ativos de covid Entre dezembro e janeiro, internações por covid mais que triplicaram na Capital | Foto: Cristine Rochol/PMPA

Coordenador da Rede Análise Covid adverte sobre risco de emendar atual onda com aumento de casos sazonais de SRAG

Cento e cinquenta e um mil e cinco. Essa quantidade, superior à população da maioria das cidades do Rio Grande do Sul, compunha o total de casos ativos conhecidos de covid-19 na tarde desta quinta-feira, 27 de janeiro de 2022. O dia marcava o recorde de pessoas nesta situação desde o primeiro diagnóstico do coronavírus no RS, há quase dois anos.

Esse recorde já supera com alguma folga os 139.666 casos ativos de 5 de março de 2021. Porém, a vigência dele deve ser curta. E não chega a ser surpreendente. Duas semanas atrás, o coordenador da Rede Análise Covid, Isaac Schrarstzhaupt, havia feito essa previsão ao Matinal Jornalismo. De lá para cá, os gaúchos se acostumaram com milhares de novos casos por dia. Atualmente, a média móvel de registros da doença é a maior desde que a pandemia começou.

Schrarstzhaupt salienta que não há indícios nem de estabilização por enquanto. Para ele, é errado comparar a atual onda provocada pela variante ômicron com a que afetou outros países – que, atingidos antes, começam a relaxar medidas de restrição. “É interessante olhar os cenários do exterior para se ter uma ideia, mas é importante lembrar que é multifatorial”, explica o especialista, citando exemplos como a extensão da cobertura vacinal, faixa etária que recebeu os imunizantes etc.

“No Reino Unido, teve uma onda bem forte, que está caindo agora. Mas se pegar separado por faixa etária, se percebe que cai nos mais idosos, mas está subindo muito rápido nos mais jovens. Lá eles só vacinam de 12 anos para cima”, acrescenta. O RS iniciou em janeiro a vacinação de crianças a partir de 5 anos. O andamento desta parte da campanha, no entanto, está aquém do esperado.

Risco da proximidade de ondas

No dia em que atingiu o recorde de casos ativos, o RS reportou mais de 21,4 mil novas infecções. A rotina de milhares de novos casos por dia acaba por gerar um novo – e cada vez mais próximo – risco, caso se estenda por mais um mês, encostando no período em que normalmente começam a crescer os casos sazonais de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).  

“O Brasil tem a sua curva de SRAG padrão desde sempre começando na última semana de fevereiro, começo de março e tem o pico por junho ou julho; e em setembro começa a cair”, cita Schrarstzhaupt. “Se a gente nem conseguir fazer cair e emendar no aumento padrão de março, pode ser que some duas ondas e tenha um cenário ainda pior”, projeta. “Podemos ter aqueles números como 900, 1000 óbitos por dia no Brasil baseado na quantidade de não vacinados que temos.”

O RS tem uma média de vacinados superior à nacional. No Estado, até esta quinta, 81,2% da população já recebeu uma dose e 72,7% completaram o esquema vacinal, segundo a Secretaria Estadual da Saúde. Em nível nacional, de acordo com dados do consórcio de imprensa, são 79,1% com uma dose e 70% com duas.

Volta da pressão em hospitais 

Em apenas 25 dias, janeiro tornou-se o mês com maior número de casos de covid no Rio Grande do Sul desde que a pandemia começou. Foram, até o dia 27, 258.421 notificações de pessoas com o coronavírus. Até o fim do mês, só ampliará a vantagem sobre março de 2021, que teve 233.687 registros da doença no Estado. Se a mortalidade entre os dois meses é muito diferente – março do ano passado foi o mês mais fatal da pandemia, com mais de 8,4 mil mortes, enquanto janeiro de 2022 teve 332 (de 1º a 27 de janeiro) – uma cena voltou a preocupar as autoridades: a lotação de hospitais.

Fonte: SES
Fonte: SES

Diferentemente do primeiro semestre de 2021, agora não é o setor de terapia intensiva o mais pressionado, e sim a enfermaria. As internações de casos menos graves dispararam ao longo do mês e, ainda que não estejam em patamares anteriores, a velocidade delas fez com que o Gabinete de Crise do Palácio Piratini colocasse todas as regiões Covid sob a classificação de “Alerta”. Na prática, elas não são obrigadas a adotar restrições, mas precisam apresentar planos de contenção da transmissão do vírus.

Em Porto Alegre, mesmo que não se fale em medidas de restrições como nos dois anos anteriores, a Secretaria Municipal da Saúde destaca a necessidade de cuidados, no boletim epidemiológico 04/2022: “É necessária a manutenção dos cuidados que minimizem a transmissão, considerando que o aumento de casos já está refletindo no aumento de internações e óbitos de pessoas com exame positivo para Covid-19. No mês de janeiro de 2022 (até dia 26), o número de internações triplicou em relação a dezembro (de 57 para 176 novas internações, de dezembro/2021 para janeiro de 2022, respectivamente), enquanto o número de óbitos mais que dobrou (de 19 para 50)”.

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