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Uma análise sobre o Distanciamento Controlado

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Uma análise sobre o Distanciamento Controlado
Por Álvaro Krüger Ramos O primeiro caso de Covid-19 no Rio Grande do Sul foi noticiado no dia 10 de março. Menos de uma semana depois desta notícia alarmante, os primeiros decretos de fechamento do comércio no Estado entravam em vigor, juntamente com polêmicas advindas de grupos contrários a estas medidas em estágio tão inicial da epidemia. Com o intuito de guiar as medidas de flexibilização ou de maior fechamento com base em dados epidemiológicos bem estabelecidos, no início de maio o Governo do Estado do Rio Grande do Sul apresentou o modelo de Distanciamento Controlado, um projeto até então inédito e pioneiro no Brasil. O modelo divide o Estado em 20 regiões, categorizadas em 7 macrorregiões, e considera 11 indicadores, baseados em dados tanto sobre a incidência, estágio e velocidade de propagação da Covid-19 quanto sobre a capacidade do sistema de saúde de cada macrorregião e do Estado como um todo. Através de uma média ponderada entre notas que cada região recebe nos quesitos, atribui-se uma bandeira a cada região que pode ser amarela (baixo risco), laranja (risco médio), vermelha (risco alto) ou preta (risco altíssimo). De acordo com o tipo de bandeira recebido, diferentes medidas de restrição do comércio devem ser adotadas na região, sendo elas brandas nas regiões de bandeira amarela e laranja e mais severas nas de bandeira vermelha e preta.  Detalhes técnicos a parte, o maior objetivo do modelo é observar as regiões onde a epidemia se apresenta com maior gravidade e também prever em quais dessas regiões a situação está saindo de controle. Na prática, o que o modelo logra não é o famoso achatamento da curva, mas sim a proteção do sistema de saúde. Como 50% dos critérios considerados levam em conta o número de leitos de UTI livres, diversas regiões escaparam de bandeiras – e restrições – mais severas através de aumento da capacidade hospitalar. Por semanas a fio gestores públicos municipais focaram seus esforços não em manter as pessoas seguras, com o menor número possível de novas contaminações, mas em aumentar o número de leitos de UTI e assim permanecer mais tempo nas bandeiras que permitem o funcionamento do comércio em estado de quase normalidade. Não que o fortalecimento do sistema público de saúde não seja uma das peças chave no enfrentamento da crise, longe disso. O aumento do número de leitos é essencial para haver menor número de óbitos. Mas ele não deveria ser o foco principal e única medida de controle da pandemia; inclusive, digo o óbvio, aumentar os leitos de UTI não reduz o avanço da doença, e, por ora, as únicas medidas realmente eficazes para reduzir o avanço da Covid-19 são o isolamento social e o distanciamento social quando o primeiro não é alternativa. Porém, mesmo com o aumento da capacidade hospitalar, os leitos de UTI começam a faltar em algumas regiões do Estado. A situação é mais crítica na macrorregião Metropolitana (que engloba as regiões de Porto Alegre, Canoas, Novo Hamburgo, Taquara e Capão da Canoa) […]

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