Parêntese | Reportagem

A cor da esperança, de Renato Dornelles

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A cor da esperança, de Renato Dornelles (editora Falange Produções) Luís Augusto Fischer SERVIÇO Segunda-feira, dia 9, às 20h, ocorre o lançamento, com autógrafo, do primeiro romance do jornalista Renato Dornelles. Experimentado repórter, com feitos notáveis em sua trajetória, Renato aqui entra em novo terreno. Mesmo na ficção, no entanto, ele continua frequentando a vida popular e negra. Vai aqui a apresentação redigida para o livro, por LAF. A força da vida real – quando é que a gente se da conta dela?  Quando ela se impõe. Ou mais precisamente: quando a gente está distraído dela, pensando em outra coisa ou nem pensando em nada, apenas vivendo, e vem ela e pá, nos lembra de sua força.  Num atropelamento, real ou metafórico. Quando falta o ar e a gente o recupera, e os pulmões nos acodem. Naquela dor de cabeça, quando se impõe, física ou metafísica, que constrasta com a simples existência sem dor. Eis a força da vida real.  A ficção e a arte em geral têm o mesmo poder. Um romance pode nos colocar no meio de uma nevasca a sofrer a dor do frio, mesmo que estejamos a salvo, no calor agradável. Somos capazes de amargar uma perda amorosa ou um arrebatamento de paixão apenas na carona de um filme, que se passa lá onde nunca estivemos. A força da vida real, pela via da fantasia. Sim, A cor da esperança oferece isso.  Mas eu ainda não consegui armar o paralelo necessário. Falta dizer outra coisa, ao mesmo tempo mais próxima e menos óbvia. Quero me referir a enredos ficcionais cem por cento verossímeis, cem por cento realistas, cem por cento documentáveis, ocorridos na nossa redondeza, mas que são, paradoxalmente, invisíveis. Como se fossem um mundo paralelo ao do leitor das classes confortáveis.  Classes confortáveis, nova definição: aquelas que não passam dificuldades econômicas, claro, mas mais que isso aquelas que não são acossadas diariamente pela pressão que empurra o sujeito para fora da lei, contra a sua vontade. Aqui talvez eu tenha conseguido chegar perto do que interessa para apresentar a novela desse estreante calejado, o Renato Dorneles, o jornalista de décadas de trabalho no desvendamento da vida cotidiana da cidade, fazendo a  cobertura da truculência do crime na vida do cidadão comum, ou contando sobre as belezas do mundo do carnaval, de tanto entranhamento na vida popular de Porto Alegre e do estado. É também o roteirista e diretor do documentário Central, um serviço e tanto para ajudar a entender o que se passa aqui mesmo, ao nosso lado. O que interessa dizer é que esta narrativa, que marca a estreia do autor no campo da ficção, traz no tema suas duas especialidades profissionais, o mundo do crime e o mundo do samba, mas numa mescla dotada da força… da força da vida real. Em torno da Dona Esperança, uma senhora de mais de 80 anos, se estrutura uma família – filhos, netos, agregados, vizinhos, conhecidos – e se desenha uma fatia da vida porto-alegrense. Gente que trabalha, sonha, deseja, canta, sofre, contando […]

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(editora Falange Produções) Luís Augusto Fischer SERVIÇO Segunda-feira, dia 9, às 20h, ocorre o lançamento, com autógrafo, do primeiro romance do jornalista Renato Dornelles. Experimentado repórter, com feitos notáveis em sua trajetória, Renato aqui entra em novo terreno. Mesmo na ficção, no entanto, ele continua frequentando a vida popular e negra. Vai aqui a apresentação redigida para o livro, por LAF. A força da vida real – quando é que a gente se da conta dela?  Quando ela se impõe. Ou mais precisamente: quando a gente está distraído dela, pensando em outra coisa ou nem pensando em nada, apenas vivendo, e vem ela e pá, nos lembra de sua força.  Num atropelamento, real ou metafórico. Quando falta o ar e a gente o recupera, e os pulmões nos acodem. Naquela dor de cabeça, quando se impõe, física ou metafísica, que constrasta com a simples existência sem dor. Eis a força da vida real.  A ficção e a arte em geral têm o mesmo poder. Um romance pode nos colocar no meio de uma nevasca a sofrer a dor do frio, mesmo que estejamos a salvo, no calor agradável. Somos capazes de amargar uma perda amorosa ou um arrebatamento de paixão apenas na carona de um filme, que se passa lá onde nunca estivemos. A força da vida real, pela via da fantasia. Sim, A cor da esperança oferece isso.  Mas eu ainda não consegui armar o paralelo necessário. Falta dizer outra coisa, ao mesmo tempo mais próxima e menos óbvia. Quero me referir a enredos ficcionais cem por cento verossímeis, cem por cento realistas, cem por cento documentáveis, ocorridos na nossa redondeza, mas que são, paradoxalmente, invisíveis. Como se fossem um mundo paralelo ao do leitor das classes confortáveis.  Classes confortáveis, nova definição: aquelas que não passam dificuldades econômicas, claro, mas mais que isso aquelas que não são acossadas diariamente pela pressão que empurra o sujeito para fora da lei, contra a sua vontade. Aqui talvez eu tenha conseguido chegar perto do que interessa para apresentar a novela desse estreante calejado, o Renato Dorneles, o jornalista de décadas de trabalho no desvendamento da vida cotidiana da cidade, fazendo a  cobertura da truculência do crime na vida do cidadão comum, ou contando sobre as belezas do mundo do carnaval, de tanto entranhamento na vida popular de Porto Alegre e do estado. É também o roteirista e diretor do documentário Central, um serviço e tanto para ajudar a entender o que se passa aqui mesmo, ao nosso lado. O que interessa dizer é que esta narrativa, que marca a estreia do autor no campo da ficção, traz no tema suas duas especialidades profissionais, o mundo do crime e o mundo do samba, mas numa mescla dotada da força… da força da vida real. Em torno da Dona Esperança, uma senhora de mais de 80 anos, se estrutura uma família – filhos, netos, agregados, vizinhos, conhecidos – e se desenha uma fatia da vida porto-alegrense. Gente que trabalha, sonha, deseja, canta, sofre, contando […]

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