Crônica | Parêntese

A dualidade de Margaret Thatcher, Hugh Hefner, Flávio Alcaraz Gomes, uma búlgara e um gaúcho gay em Praga – Parte final

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A dualidade de Margaret Thatcher, Hugh Hefner, Flávio Alcaraz Gomes, uma búlgara e um gaúcho gay em Praga – Parte final Por Fabiano Golgo No itinerário de retorno dos EUA, passei alguns dias em POA. Flávio Alcaraz Gomes fica sabendo que virei chefe da Playboy tcheca e me convida para seus programas na rádio e TV Guaíba, além de levar o Correio do Povo a dar a manchete “Gaúcho vira diretor da Playboy tcheca”.  Apesar disso, ao chegar na Caldas Júnior para dar entrevista na rádio, fui impedido de subir aos estúdios. Mesmo o diretor da Playboy era proibido de entrar de chinelos. Era fevereiro, 40 graus lá fora e eu indo para uma entrevista em rádio, não na TV. Que diferença faz o que eu vestia? Mas a cultura elitista gaúcha até criou a expressão “chinelão” para diminuir os mais pobres e tornar sinônimo o uso de chinelos com baixo nível econômico, um pecado na cultura elitista Brasil.  Mas o velho primo de Breno Caldas era um grande admirador da beleza feminina e não queria perder aquela oportunidade de saber tudo sobre elas, além de me confidenciar sobre uma que havia lhe entretido na década de 60, em conhecido bordel que dizia ter polacas e búlgaras à disposição.  Gravamos uma hora de programa Fórum, que ele reprisou 3 vezes, de tão excitado com o assunto, além do Guerrilheiros da Notícia, e tudo porque a Playboy é a Disney dos homens héteros a partir da puberdade. Para mim, que nem sabia o que era vulva, quando o Hefner começou a falar dela, era apenas mais um emprego. A Playboy ou a Ferrari do playboy não me excitavam em nada. Vários amigos tchecos me pedindo emprego ou querendo ser “caçadores de talentos” em nome da revista apenas reforçaram a constatação do grau de perda de racionalidade que a Playboy causava. Visitas inesperadas à redação, com sugestões falsamente casuais de “posso ver o arquivo de fotos de vocês?” viraram corriqueiras. Nunca fui tão bajulado.  Até que me aparece uma búlgara voluptuosa, que fazia todos os rapazes levitarem enquanto passava, tentando me seduzir. Dizia que sua avó morara exatamente em Porto Alegre, nos anos 60, me deixando com uma pulga atrás da orelha, será que ela não caiu na teia do Flávio? Nunca lera nem bula de remédio, então não entendia que eu nunca tinha visto ao vivo uma vulva e tinha tanto interesse em mudar isso quanto aprender matemática quântica. Nada contra o pessoal de Ciências Exatas, mas meu negócio são as Humanas.  Achando que viraria a Playmate do ano, ela usava de todas as suas curvas para tentar me engalfinhar, despudoradamente se oferecendo para ser a Garota da Capa da edição dupla de Natal. Expliquei que já tinha escolhido duas gêmeas gaúchas, fotografadas para a revista brasileira Trip, mas ela queria me encantar para apostar nela, que apareceria como Jessica Rabbit, só que com chapéu de Papai (Mamãe?) Noel.  Cada edição tinha 4 mulheres nuas, por vezes uma apenas levemente despida, quando se tratava de alguma celebridade ou pessoa mais velha que não quisesse mostrar tudo, mas cujo nome “vendia”. Uma das […]

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Por Fabiano Golgo No itinerário de retorno dos EUA, passei alguns dias em POA. Flávio Alcaraz Gomes fica sabendo que virei chefe da Playboy tcheca e me convida para seus programas na rádio e TV Guaíba, além de levar o Correio do Povo a dar a manchete “Gaúcho vira diretor da Playboy tcheca”.  Apesar disso, ao chegar na Caldas Júnior para dar entrevista na rádio, fui impedido de subir aos estúdios. Mesmo o diretor da Playboy era proibido de entrar de chinelos. Era fevereiro, 40 graus lá fora e eu indo para uma entrevista em rádio, não na TV. Que diferença faz o que eu vestia? Mas a cultura elitista gaúcha até criou a expressão “chinelão” para diminuir os mais pobres e tornar sinônimo o uso de chinelos com baixo nível econômico, um pecado na cultura elitista Brasil.  Mas o velho primo de Breno Caldas era um grande admirador da beleza feminina e não queria perder aquela oportunidade de saber tudo sobre elas, além de me confidenciar sobre uma que havia lhe entretido na década de 60, em conhecido bordel que dizia ter polacas e búlgaras à disposição.  Gravamos uma hora de programa Fórum, que ele reprisou 3 vezes, de tão excitado com o assunto, além do Guerrilheiros da Notícia, e tudo porque a Playboy é a Disney dos homens héteros a partir da puberdade. Para mim, que nem sabia o que era vulva, quando o Hefner começou a falar dela, era apenas mais um emprego. A Playboy ou a Ferrari do playboy não me excitavam em nada. Vários amigos tchecos me pedindo emprego ou querendo ser “caçadores de talentos” em nome da revista apenas reforçaram a constatação do grau de perda de racionalidade que a Playboy causava. Visitas inesperadas à redação, com sugestões falsamente casuais de “posso ver o arquivo de fotos de vocês?” viraram corriqueiras. Nunca fui tão bajulado.  Até que me aparece uma búlgara voluptuosa, que fazia todos os rapazes levitarem enquanto passava, tentando me seduzir. Dizia que sua avó morara exatamente em Porto Alegre, nos anos 60, me deixando com uma pulga atrás da orelha, será que ela não caiu na teia do Flávio? Nunca lera nem bula de remédio, então não entendia que eu nunca tinha visto ao vivo uma vulva e tinha tanto interesse em mudar isso quanto aprender matemática quântica. Nada contra o pessoal de Ciências Exatas, mas meu negócio são as Humanas.  Achando que viraria a Playmate do ano, ela usava de todas as suas curvas para tentar me engalfinhar, despudoradamente se oferecendo para ser a Garota da Capa da edição dupla de Natal. Expliquei que já tinha escolhido duas gêmeas gaúchas, fotografadas para a revista brasileira Trip, mas ela queria me encantar para apostar nela, que apareceria como Jessica Rabbit, só que com chapéu de Papai (Mamãe?) Noel.  Cada edição tinha 4 mulheres nuas, por vezes uma apenas levemente despida, quando se tratava de alguma celebridade ou pessoa mais velha que não quisesse mostrar tudo, mas cujo nome “vendia”. Uma das […]

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