Entrevista | Parêntese

A euforia de Ruy Castro

Change Size Text
A euforia de Ruy Castro
Por Luís Augusto Fischer A ideia desta entrevista foi da Cláudia Laitano, que também contribuiu com questões, e a execução ficou por minha conta: um email para Ruy Castro, consagrado biógrafo, cronista, romancista histórico, compilador de antologias, jornalista com décadas de grandes trabalhos em veículos os mais variados, competente em todos os aspectos, propondo uma conversa sobre seu mais recente livro, Metrópole à beira-mar – O Rio moderno dos anos 20, da Cia. das Letras, lançado no fim do ano passado, naquele remoto tempo em que a gente podia sair pra rua e abraçar os amigos sem susto. Como noutros casos, Ruy fez uma pesquisa exaustiva em torno de um assunto relevante mas bastante obscuro, a vida cultural do Rio de Janeiro, ainda capital do país, nos anos 1920. Antes já tinha sido assim: seu primeiro grande livro, Chega de saudade – a história e as histórias da Bossa Nova, de 1990, foi uma luz nova sobre um tema de alto relevo, mas que andava meio caído. O mesmo ocorreu com as biografias maiores, de Garrincha, Nelson Rodrigues e Carmen Miranda, que estabeleceram novo patamar para a conversa sobre essas três figuras, desiguais e decisivas na cultura brasileira. No livro recente, resenhado por dois ângulos distintos nesta edição, Ruy enfrenta um debate que interessa e muito: sem dar muita ênfase, nem fazer pose, o livro demonstra a vibrante e derramada modernidade prática que rolava na cidade. Para quem passou pela escola e pelo vestibular no último meio século brasileiro, essa evidência, que Ruy traz para a luz do dia de modo irrefutável, se opõe à tese de que a modernidade chegou no Brasil a partir da (absurdamente superestimada) Semana de Arte Moderna, de 1922, em São Paulo. Depoimento de leitor: o livro é um vira-página irresistível. Tanto, que eu de vez em quando me pegava querendo descobrir algum ângulo encoberto, uma alusão esquecida. A única ressalva que faço é a mesma que posso fazer a outros livros dele: uma visão eufórica sobre o assunto que aborda. Por vício acadêmico talvez, por saber do antigo centralismo brasileiro, por isso e mais aquilo eu sempre mantenho um pé atrás. Comentei esse aspecto eufórico com o Ruy, na trama da entrevista. E ele respondeu que ele ficou mesmo eufórico, com o tanto de riqueza que foi descobrindo e anotando na pesquisa. Bem, o Ruy não está escrevendo uma tese, mas um livro de reportagem cultural mergulhado na história, com vistas ao leitor geral – esse ser que no Brasil é pouco menos que uma miragem, e que os livros do Ruy sabem cevar como poucos outros entre nós. Parêntese — O novo livro, Metrópole à beira-mar — O Rio moderno dos anos 20, é mais um tour-de-force de pesquisa documental, como haviam sido outros memoráveis trabalhos teus, como as biografias do Garrincha, do Nelson Rodrigues e da Carmen Miranda, e os livros sobre Bossa Nova e o samba-canção. Quanto tempo demoraste para produzir este? Alguma dificuldade que valha a pena recordar?Ruy Castro — […]

Quer ter acesso ao conteúdo exclusivo?

Assine o Premium

Você também pode experimentar nossas newsletters por 15 dias!

Experimente grátis as newsletters do Grupo Matinal!

RELACIONADAS
ASSINE O PLANO ANUAL E GANHE UM EXEMPLAR DA PARÊNTESE TRI 1
ASSINE O PLANO ANUAL E GANHE UM EXEMPLAR DA PARÊNTESE TRI 1

Esqueceu sua senha?

ASSINE E GANHE UMA EDIÇÃO HISTÓRICA DA REVISTA PARÊNTESE.
ASSINE E GANHE UMA EDIÇÃO HISTÓRICA DA REVISTA PARÊNTESE.