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Ageísmo

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Ageísmo

“Ageísmo reverso: a pessoa tem menos de 20 anos eu já não espero nada de bom.” (@capitonamarvel, no Twitter, em 14 de novembro)

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“Ageísmo reverso: a pessoa tem menos de 20 anos eu já não espero nada de bom.” (@capitonamarvel, no Twitter, em 14 de novembro)

“Eu acho mto doido que 11 anos atrás a Gaga era vista como a JOVEM do pop agora vc entra na internet e tão falando que ela eh a VELHA. Sei lá sabe ODEIO o ageísmo que só existe pra mulher.” (@drinosauro, no Twitter, em 14 de novembro)

“Acho um pouco foda até dizer que Benedita, a mais preparada para o cargo, é um voto útil. Fala demais de ageísmo também. (@marakarina, no Twitter, em 15 de novembro)

#OldLivesMatter: “O que podemos fazer contra o ageísmo e a solidão dos anciãos”. (@IOdonna, no Twitter, em 16 de novembro)

O que é:

  • Ageísmo é uma espécie de preconceito contra pessoas mais velhas, consideradas menos produtivas ou incapazes de contribuir com a sociedade.
  • Embora o ageísmo e a discriminação por idade sejam termos frequentemente usados como sinônimos, o ageísmo refere-se essencialmente a atitudes, enquanto a discriminação descreve uma circunstância institucional em que a idade é um fator decisivo. Um exemplo de discriminação por idade é o empregador que decide contratar, promover, retreinar ou aposentar/dispensar um funcionário com base somente na sua idade.  

Quem usou:

Ageísmo ou etarismo são termos relativamente novos, mas o fenômeno é tão antigo quanto os conflitos de interesses entre jovens e velhos em torno de poder, prestígio e bens materiais.

Em todos os tempos e latitudes, em ocasiões de crise, privação e perigo iminente, os adultos não hesitam em dar prioridade às crianças e aos jovens porque são a esperança de continuidade do grupo. Só depois, se possível, tratam de proteger e carregar consigo os idosos. Com o tempo, a aceitação desse imperativo passou a integrar os atributos esperados nos idosos. Em função do ageísmo, idosos recebem tratamento diferencial e têm acesso desigual a oportunidades e a direitos sociais, com base no critério de idade e na falsa crença em que todos os velhos são frágeis, desamparados, lentos, dependentes e improdutivos, um peso para a sociedade. Uma variante da intolerância, o ageísmo é intensificado pela pobreza, pela desigualdade social, pelo baixo nível educacional, pelo gênero e pela cor da pele de boa parte dos idosos. É potencializado pela tendência de negar a velhice porque nos lembra da morte, mas sobretudo da dependência, da perda de identidade, e da invisibilidade que muitas vezes acompanham o envelhecimento. O ageísmo é internalizado pelos idosos, que aceitam como naturais os tratamentos discriminatórios, desrespeitosos, paternalistas, compassivos ou falsamente positivos que recebem das leis, das instituições sociais, dos serviços públicos e privados, dos meios simbólicos e das redes sociais. Com a pandemia Covid-19, estamos vivendo um surto de ageísmo, que acentua a divisão entre jovens e velhos e culpabiliza estes últimos por onerar o sistema de saúde e desviar recursos do atendimento aos jovens e produtivos.” (Anita Liberalesso Neri, na Folha de S. Paulo, em 14 de novembro)

“Quando pessoas idosas (com 65 anos ou mais) são mencionadas em relação ao Covid-19, quase sempre é como um grupo de risco. O retrato frequente de pessoas idosas como vulneráveis ​​durante a pandemia é, no mínimo, apenas parte da verdade. 1) A idade cronológica mais avançada é, de fato, um fator de risco para infecção por Covid, gravidade da doença e mortalidade. No entanto, os idosos não são apenas um grupo homogêneo de pessoas indefesas que precisam de proteção. O ageísmo ligado à Covid pode afetar negativamente a saúde mental dos mais velhos. Muitos idosos podem ter medo não apenas a doença em si, mas recear que, se infectados, não receberão o tratamento adequado porque a comunidade médica prioriza o atendimento dos mais jovens. O isolamento social entre os idosos tem sido uma preocupação de saúde pública que será exacerbada por advertências para que todos os idosos, independentemente do estado de saúde, se isolem. 2) Restrições destinadas a proteger os vulneráveis ​​podem fazer com que alguns idosos se sintam um fardo para a sociedade. Juntos, um sentimento de pertença frustrado e uma sensação de peso são fatores de risco para suicídio. 3) Além disso, em vista da indiferença com que as mortes de idosos relacionadas ao Covid foram ocasionalmente tratadas por políticos, órgãos governamentais e no discurso público, os idosos pode minimizar a importância de suas queixas de saúde mental. Portanto, há um risco ainda maior de que seus sintomas não sejam detectados durante a pandemia.” (The Lancet, outubro de 2020)

“É um problema incrivelmente comum e insidioso, diz Alana Officer, que lidera a campanha global da Organização Mundial de Saúde contra o ageísmo, definido como ‘estereótipo, preconceito e discriminação’ com base na idade. ‘Isso afeta não apenas os indivíduos, mas a forma como pensamos sobre as políticas’. Como primeiro passo da campanha, anunciada em 2016, a Organização Mundial de Saúde investiu meio milhão de dólares em pesquisas. Quatro equipes em todo o mundo estão coletando e avaliando as evidências disponíveis sobre o preconceito etário – suas causas e consequências para a saúde, como combatê-lo e a melhor forma de medi-lo. O trabalho deles aparecerá em um relatório das Nações Unidas a ser publicado dentro de um ano e culminará em uma mobilização internacional, esperam os organizadores. Um dos grupos de pesquisa, da Cornell University, já concluiu sua tarefa e está prestes a publicar seu estudo no American Journal of Public Health. Traz notícias surpreendentemente boas. A equipe passou um ano e meio analisando dezenas de artigos, da década de 1970 até o ano passado, avaliando programas contra o envelhecimento. Esses esforços surgiram em todo o país nos anos após o psiquiatra e gerontologista Dr. Robert Butler cunhar o termo ageísmo, em 1969.” (The New York Times, 26 de abril de 2019)

Assista ao TED “Vamos acabar com o ageísmo” da escritora Ashton Applewhite, de 68 anos: 


Cláudia Laitano é jornalista, com especialização em Economia da Cultura. É mestranda em Literatura pela UFRGS, com pesquisa sobre Carlos Reverbel. É autora de “Agora eu era” e “Meus livros, meus filmes e tudo o mais”, ambos pela L&PM.

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