Entrevista | Parêntese

A verdade de Elza Soares

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A verdade de Elza Soares Apresentação por Luís Augusto Fischer Entrevista por Luciano Mello e Pedro Loureiro Foto: Pedro Loureiro Elza Gomes da Conceição nasceu a 23 de junho de 1930.  Daqui a pouco fecha 90 anos. No-ven-ta.  Tinha 11 (on-ze) quando foi obrigada a casar com um sujeito de sobrenome Soares, esse que permanece com ela até hoje. Aos 12 (do-ze) teve o primeiro filho; aos 15 (quin-ze) viu o segundo filho morrer. Isso no ano em que terminou a Segunda Guerra e Getúlio foi deposto.  Foi operária, voltou a ser dona de casa, aos 21 ficou viúva. E andou, trabalhou, casou, cantou, amou, tomou trancos, sobreviveu. E se consagrou. Aqui não é o lugar para repassar em detalhes os impressionantes lances do destino na vida dessa mulher exemplar. Sua biografia está aí para ser conhecida, lida, admirada. Só precisa relembrar mesmo uma historinha, que é evocada na entrevista e dá nome ao seu mais recente álbum.  Ela no então famoso programa de calouros do Ary Barroso, ainda jovem mas já muito calejada, se apresentando para um auditório repleto e falando para o Brasil todo via rádio. Ela com trajes emprestados, dizem que vestido folgado demais, sapato maior que o pé, um desmazelo só. Ary então tripudia, avaliando a estampa: “De que planeta você vem, minha filha?” Riso da plateia. E ela, sabe-se lá com que dor no coração, e uma dignidade infinita: “Do planeta fome, seu Ary”. A entrevista foi feita por Luciano Mello e Pedro Loureiro, parceiro do Luciano e produtor da Elza, que se apresenta neste domingo no Araújo Vianna, em Porto Alegre (confira o serviço completo no site do Roger Lerina). Elza gravou duas músicas da parceria Luciano-Pedro: no álbum Deus é mulher, de 2018, a canção “Dentro de cada um”, e no álbum Planeta Fome, de 2019, a canção “Lírio Rosa”.  A entrevista foi feita esta semana, e serve aqui para a Parêntese se somar aos tantos que a veem como uma figura admirável, uma cantora como poucas, uma mulher que dá orgulho a todos nós. A partir de quarta-feira, o papo estará disponível também em áudio no canal do Luciano Mello no YouTube.   Parêntese – Elza, às vezes, o mundo faz justiça, e penso que você é um desses casos. Foi muito tempo de luta até que você recebesse o reconhecimento como a grande artista que é. E ser um grande artista não é apenas ter uma das vozes mais lindas do mundo: é usar essa voz a favor do mundo, dos oprimidos, daqueles sem voz. É disso que nós vamos falar, pode ser? Começo falando de duas homenagens de importância fundamental. A primeira: seu desfile na Mocidade Independente, um espetáculo visto no mundo todo, um reconhecimento popular que, talvez, seja um dos mais profundos para um artista. Como foi esse momento? Elza Soares – Gente, eu não tenho palavras para agradecer esse momento. Mas eu acho que é um reconhecimento… Ah, não sei, sei que foi muito bonito. P – Fala um pouco também sobre como é […]

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Apresentação por Luís Augusto Fischer Entrevista por Luciano Mello e Pedro Loureiro Foto: Pedro Loureiro Elza Gomes da Conceição nasceu a 23 de junho de 1930.  Daqui a pouco fecha 90 anos. No-ven-ta.  Tinha 11 (on-ze) quando foi obrigada a casar com um sujeito de sobrenome Soares, esse que permanece com ela até hoje. Aos 12 (do-ze) teve o primeiro filho; aos 15 (quin-ze) viu o segundo filho morrer. Isso no ano em que terminou a Segunda Guerra e Getúlio foi deposto.  Foi operária, voltou a ser dona de casa, aos 21 ficou viúva. E andou, trabalhou, casou, cantou, amou, tomou trancos, sobreviveu. E se consagrou. Aqui não é o lugar para repassar em detalhes os impressionantes lances do destino na vida dessa mulher exemplar. Sua biografia está aí para ser conhecida, lida, admirada. Só precisa relembrar mesmo uma historinha, que é evocada na entrevista e dá nome ao seu mais recente álbum.  Ela no então famoso programa de calouros do Ary Barroso, ainda jovem mas já muito calejada, se apresentando para um auditório repleto e falando para o Brasil todo via rádio. Ela com trajes emprestados, dizem que vestido folgado demais, sapato maior que o pé, um desmazelo só. Ary então tripudia, avaliando a estampa: “De que planeta você vem, minha filha?” Riso da plateia. E ela, sabe-se lá com que dor no coração, e uma dignidade infinita: “Do planeta fome, seu Ary”. A entrevista foi feita por Luciano Mello e Pedro Loureiro, parceiro do Luciano e produtor da Elza, que se apresenta neste domingo no Araújo Vianna, em Porto Alegre (confira o serviço completo no site do Roger Lerina). Elza gravou duas músicas da parceria Luciano-Pedro: no álbum Deus é mulher, de 2018, a canção “Dentro de cada um”, e no álbum Planeta Fome, de 2019, a canção “Lírio Rosa”.  A entrevista foi feita esta semana, e serve aqui para a Parêntese se somar aos tantos que a veem como uma figura admirável, uma cantora como poucas, uma mulher que dá orgulho a todos nós. A partir de quarta-feira, o papo estará disponível também em áudio no canal do Luciano Mello no YouTube.   Parêntese – Elza, às vezes, o mundo faz justiça, e penso que você é um desses casos. Foi muito tempo de luta até que você recebesse o reconhecimento como a grande artista que é. E ser um grande artista não é apenas ter uma das vozes mais lindas do mundo: é usar essa voz a favor do mundo, dos oprimidos, daqueles sem voz. É disso que nós vamos falar, pode ser? Começo falando de duas homenagens de importância fundamental. A primeira: seu desfile na Mocidade Independente, um espetáculo visto no mundo todo, um reconhecimento popular que, talvez, seja um dos mais profundos para um artista. Como foi esse momento? Elza Soares – Gente, eu não tenho palavras para agradecer esse momento. Mas eu acho que é um reconhecimento… Ah, não sei, sei que foi muito bonito. P – Fala um pouco também sobre como é […]

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