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Cláudia Laitano: Consequencialismo

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Cláudia Laitano: Consequencialismo “Que falta fazem as aulas de filosofia né, minha filha? Consequencialismo, utilitarismo, teoria de valores, empatia, tolerância, necropolítica: tudo isso é conceito filosófico discutido com seriedade há séculos. Seria bom ter + filósofos(as) no espaço público da imprensa.” (@thiamparo, no Twitter, em 7 de julho) “Ainda que haja discordâncias, faculdade admissível nos regimes democráticos, precisamos caminhar de mãos dadas com o respeito às instituições e às autoridades constituídas. Não há consequencialismo que deseje a morte de alguém como saída política para uma pandemia sanitária.” (@davialcolumbre, no Twitter, em 8 de julho) “Assim, baseado no consequencialismo, a morte do Bolsonaro poderia trazer consequências melhores para todos brasileiros. O sentido do artigo do Hélio Schwartsman foi esse. Usar Lei de Segurança Nacional? Só pro gado ver e berrar… nada mais que isso.” (@CelsoJFerreira, no Twitter, em 8 de julho) Definição: O consequencialismo é uma doutrina da filosofia que postula que o valor moral de um ato é determinado por suas consequências. Dessa forma, as qualidades morais do agente não interferem no “cálculo” da moralidade de uma ação, sendo então indiferente se o agente é generoso, interessado ou sádico.  O utilitarismo é uma família de teorias consequencialistas, defendida principalmente por Jeremy Benthan (1748 – 1832) e John Stuart Mill (1806 – 1873), que afirma que as ações são boas quando tendem a promover a felicidade e más quando tendem a promover o oposto da felicidade.  Quem usou:  “Jair Bolsonaro está com Covid-19. Torço para que o quadro se agrave e ele morra. Nada pessoal. Como já escrevi aqui a propósito desse mesmo tema, embora ensinamentos religiosos e éticas deontológicas preconizem que não devemos desejar mal ao próximo, aqueles que abraçam éticas consequencialistas não estão tão amarrados pela moral tradicional. É que, no consequencialismo, ações são valoradas pelos resultados que produzem. O sacrifício de um indivíduo pode ser válido, se dele advier um bem maior. A vida de Bolsonaro, como a de qualquer indivíduo, tem valor e sua perda seria lamentável. Mas, como no consequencialismo todas as vidas valem rigorosamente o mesmo, a morte do presidente torna-se filosoficamente defensável, se estivermos seguros de que acarretará um número maior de vidas preservadas.”  (Hélio Schwartsman, no jornal Folha de S. Paulo, em 8 de julho)  “Texto do Hélio Schwartsman torcendo pela morte do presidente lança argumentação consequencialista para se justificar. Oportunidade de sairmos um pouco da ciência para discutir filosofia moral. Vamos analisar pelas três grandes: consequencialismo, deontologia e ética da virtude. Versão mais comum do consequencialismo é o utilitarismo. Nele, ação correta é a que promove maior bem para maior número de pessoas. Consequências ditam certo e errado. Hélio argumenta que Bolsonaro morrer de covid satisfaz a condição, pois salvaria vidas no Brasil e no exterior. Entretanto, para muitos – incluindo críticos do presidente – o texto provoca forte repulsa moral. E essa informação é relevante na filosofia moral. Isso porque muitas vezes o único recurso que temos para julgar a moralidade são nossas intuições. A ética da virtude explicaria de imediato essa repulsa. Nessa perspectiva, […]

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“Que falta fazem as aulas de filosofia né, minha filha? Consequencialismo, utilitarismo, teoria de valores, empatia, tolerância, necropolítica: tudo isso é conceito filosófico discutido com seriedade há séculos. Seria bom ter + filósofos(as) no espaço público da imprensa.” (@thiamparo, no Twitter, em 7 de julho) “Ainda que haja discordâncias, faculdade admissível nos regimes democráticos, precisamos caminhar de mãos dadas com o respeito às instituições e às autoridades constituídas. Não há consequencialismo que deseje a morte de alguém como saída política para uma pandemia sanitária.” (@davialcolumbre, no Twitter, em 8 de julho) “Assim, baseado no consequencialismo, a morte do Bolsonaro poderia trazer consequências melhores para todos brasileiros. O sentido do artigo do Hélio Schwartsman foi esse. Usar Lei de Segurança Nacional? Só pro gado ver e berrar… nada mais que isso.” (@CelsoJFerreira, no Twitter, em 8 de julho) Definição: O consequencialismo é uma doutrina da filosofia que postula que o valor moral de um ato é determinado por suas consequências. Dessa forma, as qualidades morais do agente não interferem no “cálculo” da moralidade de uma ação, sendo então indiferente se o agente é generoso, interessado ou sádico.  O utilitarismo é uma família de teorias consequencialistas, defendida principalmente por Jeremy Benthan (1748 – 1832) e John Stuart Mill (1806 – 1873), que afirma que as ações são boas quando tendem a promover a felicidade e más quando tendem a promover o oposto da felicidade.  Quem usou:  “Jair Bolsonaro está com Covid-19. Torço para que o quadro se agrave e ele morra. Nada pessoal. Como já escrevi aqui a propósito desse mesmo tema, embora ensinamentos religiosos e éticas deontológicas preconizem que não devemos desejar mal ao próximo, aqueles que abraçam éticas consequencialistas não estão tão amarrados pela moral tradicional. É que, no consequencialismo, ações são valoradas pelos resultados que produzem. O sacrifício de um indivíduo pode ser válido, se dele advier um bem maior. A vida de Bolsonaro, como a de qualquer indivíduo, tem valor e sua perda seria lamentável. Mas, como no consequencialismo todas as vidas valem rigorosamente o mesmo, a morte do presidente torna-se filosoficamente defensável, se estivermos seguros de que acarretará um número maior de vidas preservadas.”  (Hélio Schwartsman, no jornal Folha de S. Paulo, em 8 de julho)  “Texto do Hélio Schwartsman torcendo pela morte do presidente lança argumentação consequencialista para se justificar. Oportunidade de sairmos um pouco da ciência para discutir filosofia moral. Vamos analisar pelas três grandes: consequencialismo, deontologia e ética da virtude. Versão mais comum do consequencialismo é o utilitarismo. Nele, ação correta é a que promove maior bem para maior número de pessoas. Consequências ditam certo e errado. Hélio argumenta que Bolsonaro morrer de covid satisfaz a condição, pois salvaria vidas no Brasil e no exterior. Entretanto, para muitos – incluindo críticos do presidente – o texto provoca forte repulsa moral. E essa informação é relevante na filosofia moral. Isso porque muitas vezes o único recurso que temos para julgar a moralidade são nossas intuições. A ética da virtude explicaria de imediato essa repulsa. Nessa perspectiva, […]

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