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Cláudia Laitano: Racismo estrutural

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Cláudia Laitano: Racismo estrutural A expressão éRacismo estrutural “Se acharam que o @silviolual ia lá falar de racismo sem falar de economia, de política ou de Direito não entenderam nada do conceito de racismo estrutural. Mas não vi nenhum cientista político desqualificando o Silvio, só economistas que querem o monopólio do debate.” (@lauraabcarvalho, no Twitter, em 23 de junho) “Acredito em duendes e no coelhinho da Páscoa, mas não acredito em racismo estrutural.  Nosso racismo é circunstancial!” (@sergiodireita1, no Twitter, em 22 de junho)  “Negar o racismo estrutural é uma maneira de negar o racismo no Brasil. Sim, pra essa direita tosca, o racismo está apenas nas ofensas entre indivíduos e não na violência policial ou na admissão de empregos. Negar a complexidade dessa estrutura racista é passar pano pro racismo.” (@JornalismoWando, no Twitter, em 24 de junho) O que é: “Racismo estrutural” é um termo que engloba diferentes fatores sistêmicos que produzem (e reproduzem) desigualdades raciais, permitindo que privilégios e desvantagens associadas à cor da pele permaneçam enraizados na economia, nas políticas públicas, nas práticas institucionais e nas representações culturais.Nos Estados Unidos, o termo “racismo institucional” foi cunhado em 1967 por Stokely Carmichael (mais tarde conhecido como Kwame Ture) e Charles V. Hamilton no livro Black Power: The Politics of Liberation.  Carmichael e Hamilton escreveram que enquanto o racismo individual é facilmente identificado, por ser explícito, o racismo institucional é menos perceptível por sua natureza “menos clara e mais sutil”.  No Brasil, o professor Silvio Luiz de Almeida desenvolveu o tema no livro Racismo Estrutural (Pólen Livros, 2018, 256 páginas). Quem usou: “Os acontecimentos das últimas semanas nos EUA deixaram muita gente estarrecida – inclusive no Brasil. Um homem negro sufocado até a morte por um policial branco, protestos diários contra a violência policial, a resposta truculenta do presidente Donald Trump, a indignação crescente nas redes sociais. Será que finalmente as pessoas brancas entenderam a gravidade do racismo e o quanto ele pauta a política, a economia e as relações sociais? O que é preciso ser feito para desmontar a estrutura cruel e violenta que nega a uma parte da população, não apenas as condições materiais de vida, mas a possibilidade de sonhar? Silvio Luiz de Almeida é um dos intelectuais brasileiros que têm articulado respostas para essas e tantas outras perguntas. Aos 43 anos, é advogado, doutor em Filosofia e Teoria Geral do Direito pela USP, professor na FGV-SP e na Universidade Presbiteriana Mackenzie. É presidente do Instituto Luiz Gama, associação civil que reúne juristas, acadêmicos e militantes dos movimentos sociais que trabalham em defesa das classes populares, e autor de Racismo Estrutural, volume da coleção Feminismos Plurais, coordenada pela filósofa Djamila Ribeiro. Almeida concedeu essa entrevista por telefone dos EUA, onde é professor convidado da Universidade Duke. Ele alerta que a pandemia pode fazer o racismo criar novas formas de modo a manter as desigualdades e estruturas de dominação. E diz que sonha com um mundo emancipado: ‘É um mundo liberado de todas as forças que limitam as capacidades humanas. Um mundo […]

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A expressão éRacismo estrutural “Se acharam que o @silviolual ia lá falar de racismo sem falar de economia, de política ou de Direito não entenderam nada do conceito de racismo estrutural. Mas não vi nenhum cientista político desqualificando o Silvio, só economistas que querem o monopólio do debate.” (@lauraabcarvalho, no Twitter, em 23 de junho) “Acredito em duendes e no coelhinho da Páscoa, mas não acredito em racismo estrutural.  Nosso racismo é circunstancial!” (@sergiodireita1, no Twitter, em 22 de junho)  “Negar o racismo estrutural é uma maneira de negar o racismo no Brasil. Sim, pra essa direita tosca, o racismo está apenas nas ofensas entre indivíduos e não na violência policial ou na admissão de empregos. Negar a complexidade dessa estrutura racista é passar pano pro racismo.” (@JornalismoWando, no Twitter, em 24 de junho) O que é: “Racismo estrutural” é um termo que engloba diferentes fatores sistêmicos que produzem (e reproduzem) desigualdades raciais, permitindo que privilégios e desvantagens associadas à cor da pele permaneçam enraizados na economia, nas políticas públicas, nas práticas institucionais e nas representações culturais.Nos Estados Unidos, o termo “racismo institucional” foi cunhado em 1967 por Stokely Carmichael (mais tarde conhecido como Kwame Ture) e Charles V. Hamilton no livro Black Power: The Politics of Liberation.  Carmichael e Hamilton escreveram que enquanto o racismo individual é facilmente identificado, por ser explícito, o racismo institucional é menos perceptível por sua natureza “menos clara e mais sutil”.  No Brasil, o professor Silvio Luiz de Almeida desenvolveu o tema no livro Racismo Estrutural (Pólen Livros, 2018, 256 páginas). Quem usou: “Os acontecimentos das últimas semanas nos EUA deixaram muita gente estarrecida – inclusive no Brasil. Um homem negro sufocado até a morte por um policial branco, protestos diários contra a violência policial, a resposta truculenta do presidente Donald Trump, a indignação crescente nas redes sociais. Será que finalmente as pessoas brancas entenderam a gravidade do racismo e o quanto ele pauta a política, a economia e as relações sociais? O que é preciso ser feito para desmontar a estrutura cruel e violenta que nega a uma parte da população, não apenas as condições materiais de vida, mas a possibilidade de sonhar? Silvio Luiz de Almeida é um dos intelectuais brasileiros que têm articulado respostas para essas e tantas outras perguntas. Aos 43 anos, é advogado, doutor em Filosofia e Teoria Geral do Direito pela USP, professor na FGV-SP e na Universidade Presbiteriana Mackenzie. É presidente do Instituto Luiz Gama, associação civil que reúne juristas, acadêmicos e militantes dos movimentos sociais que trabalham em defesa das classes populares, e autor de Racismo Estrutural, volume da coleção Feminismos Plurais, coordenada pela filósofa Djamila Ribeiro. Almeida concedeu essa entrevista por telefone dos EUA, onde é professor convidado da Universidade Duke. Ele alerta que a pandemia pode fazer o racismo criar novas formas de modo a manter as desigualdades e estruturas de dominação. E diz que sonha com um mundo emancipado: ‘É um mundo liberado de todas as forças que limitam as capacidades humanas. Um mundo […]

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