Crônica

Autoestima tóxica

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Autoestima tóxica A pessoa não ter confiança nela mesma, não se dar valor, não se considerar capaz, não acreditar que pode: péssimo. Uma âncora permanentemente no pé, afundando relações de todas as ordens e impedindo qualquer sucesso na vida. Agora: o contrário pode ser tão ruim quanto. Se não para a própria pessoa, para todos os que estão em volta.  A amiga que se considerava a Trakinas mais recheada do pacote, e até nem era, mas segurança é tudo e só dava ela. O namorado que transava contigo na frente do espelho para olhar nos olhos dele mesmo. O chefe que não só acabava com as tuas iniciativas, como dava um jeito de fazê-las reencarnar como se fossem dele.  Lembro de um rapaz que se apresentou assim diante de nós, seus novos colegas: pessoas medíocres falam sobre outras pessoas, pessoas brilhantes falam sobre ideias, euzinho só falo sobre ideias. Dizer o que depois disso? Muito prazer, eu sou um lixo. Penso nessa autoestima tóxica a cada declaração do presidente. A quantidade de bobagens que ele despeja como quem diz uma coisa relevante. A incapacidade de fazer uma frase, uminha só, sem alguma aberração gramatical, mas com indisfarçável orgulho pelas asneiras que enuncia. A desfaçatez de somar mais com menos e encontrar um resultado a seu favor. De se pavonear com dados que não condizem com a realidade. De palestrar para uma claque que aplaudiria até um flato que ele soltasse. Até aí, tudo certo. Parece que isso a excelência faz bem mesmo. A autoestima tóxica de um dos políticos mais incompetentes da República, e do pior presidente que o Brasil já teve, contaminou o país todo. Famílias sobrevivendo a restos de ossos para não passar sem comida e ele de moto, entre cidadãos de cabelo pintado no tom acaju-andropausa, certo de que agrada. De onde tanto amor próprio? Embora até dê para entender. Com os índices de aprovação e popularidade cada vez mais baixos, é preciso manter a pose. Com dizia vovô: se ninguém gava, o Zeca gava. No caso do presidente, nem isso. Claudia Tajes é escritora e roteirista.

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A pessoa não ter confiança nela mesma, não se dar valor, não se considerar capaz, não acreditar que pode: péssimo. Uma âncora permanentemente no pé, afundando relações de todas as ordens e impedindo qualquer sucesso na vida. Agora: o contrário pode ser tão ruim quanto. Se não para a própria pessoa, para todos os que estão em volta.  A amiga que se considerava a Trakinas mais recheada do pacote, e até nem era, mas segurança é tudo e só dava ela. O namorado que transava contigo na frente do espelho para olhar nos olhos dele mesmo. O chefe que não só acabava com as tuas iniciativas, como dava um jeito de fazê-las reencarnar como se fossem dele.  Lembro de um rapaz que se apresentou assim diante de nós, seus novos colegas: pessoas medíocres falam sobre outras pessoas, pessoas brilhantes falam sobre ideias, euzinho só falo sobre ideias. Dizer o que depois disso? Muito prazer, eu sou um lixo. Penso nessa autoestima tóxica a cada declaração do presidente. A quantidade de bobagens que ele despeja como quem diz uma coisa relevante. A incapacidade de fazer uma frase, uminha só, sem alguma aberração gramatical, mas com indisfarçável orgulho pelas asneiras que enuncia. A desfaçatez de somar mais com menos e encontrar um resultado a seu favor. De se pavonear com dados que não condizem com a realidade. De palestrar para uma claque que aplaudiria até um flato que ele soltasse. Até aí, tudo certo. Parece que isso a excelência faz bem mesmo. A autoestima tóxica de um dos políticos mais incompetentes da República, e do pior presidente que o Brasil já teve, contaminou o país todo. Famílias sobrevivendo a restos de ossos para não passar sem comida e ele de moto, entre cidadãos de cabelo pintado no tom acaju-andropausa, certo de que agrada. De onde tanto amor próprio? Embora até dê para entender. Com os índices de aprovação e popularidade cada vez mais baixos, é preciso manter a pose. Com dizia vovô: se ninguém gava, o Zeca gava. No caso do presidente, nem isso. Claudia Tajes é escritora e roteirista.

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