Como se chama o mau-humor provocado pela fome – e outras palavras inventadas
Quitilique
No meu livro Magrafo – dicionário de palavras inexistentes, listo 201 verbetes com conceitos para os quais ainda não existem palavras. São sensações, frustrações, prazeres, experiências e hábitos quotidianos que, embora conhecidos de todos, não aparecem (ainda) nos dicionários comuns. Abaixo, listo alguns verbetes do livro e alguns inéditos, exclusivos para a Parêntese.
quitilique [s.f.]
Mau-humor ocasionado exclusivamente pela fome. Estudos revelam que quitiliques são responsáveis por 32% das brigas de casais.
wílter [s.f.]
Música favorita que o indivíduo estraga para sempre ao escolhê-la como toque do seu celular.
plôngulo [s.m.]
Formação sólida e ondulosa nas ruas resultantes da passagem de veículos pesados no asfalto. O verão favorece muito a ocorrência de plôngulos.
jafum [s.m.]
Prato típico pelo qual um país ou estado é identificado mundialmente, mas que não é o preferido nem o mais consumido pela maioria da população local. Exemplos: sushi no Japão, pizza na Itália, hambúrguer com fritas nos EUA, crepe na França, xarope de bordo no Canadá, feijoada no Brasil, chucrute na Alemanha, burrito no México, espetinho de rato no Vietnã, churrasco no Rio Grande do Sul, acarajé na Bahia, pão de queijo em Minas Gerais.
renetsia [s.f]
Fenômeno que reflete a alarmante diferença entre a apresentação de um alimento na foto da sua embalagem e o mesmo alimento na vida real, que jamais é igual, manifestando variações assustadoras. Invariavelmente, o alimento real tem uma aparência muito pior do que o da fotografia. Um alto nível de renetsia abre precedente para processo de propaganda enganosa.
bendário [s.m.]
Dia inteiro em que não se falou pessoalmente com ninguém. Também cada dia que passa em que não se entra em contato com algum amigo ou familiar.
Diego Lops é autor de Magrafo – dicionário de palavras inexistentes, Pessoas partidas e Frases Ouvidas por aí.
