Diário da segunda Covid
Meu licor de limão-bergamota ficou excepcional. Desta vez, a receita tinha sido inventada por mim. Eu precisava compartilhar com as amigas e, para isto, tinha que encontrar garrafinhas apropriadas. Fui procurar nas lojas de artesanato do Centro Histórico, ponderando que seria mais seguro pegar um Uber, de janela aberta, do que entregar meu carro para um manobrista de garagem. Vai que ele estivesse com Covid, e deixasse meu carro contaminado?
Chegando ao centro, descobri que a maioria das lojas de aviamentos e quinquilharias havia fechado. Uma delas persistia, embora com a metade da área original, significando o dobro de pessoas para o espaço restante. Nunca pensei que as mulheres ainda se interessassem tanto por linhas, fitas, agulhas, velcros, elásticos e vidros. Estava difícil se movimentar lá dentro. Além disto, com a liberação do uso das máscaras – por decreto -, apenas algumas poucas as usavam, sendo objeto de olhares reprovadores das outras. Com a minha máscara de malha bem colocada, pensei que se fizesse tudo rápido, meu risco seria mínimo. Só não contava com uma mulher enorme e corpulenta tossindo diretamente na minha cara. Não criei caso em vista do tamanho da minha oponente.
[Continua...]