Mesa pra um
Foi na sexta-feira passada. Noir do pescoço aos pés, altiva, ela adentra. Postura ereta, quase arrogante, questiona algo trivial ao maître e toma assento. Ao garçom vai logo pedindo uma água, subterfúgio das mãos enquanto a consciência toma pé do restante. Ela olha ao redor e percebe, sem muito esforço, um enxame de vozes e cores, sons difusos e sorrisos plásticos, abraços há tanto congelados e embalados para presente.
É o primeiro horário do dia no badalado restaurante francês. Para conseguir uma mesa só mesmo reservando com grande antecedência, um deus-nos-acuda típico de quando um lugar entra no hype do momento. Logo as demais mesas vão sendo ocupadas, uma a uma, e pouco espaço resta para se perceber aquela curiosa figura e seus paetês.
[Continua...]