Metaverso: entrada liberada para mimados
Primeiro presto atenção na careca do homem que está ao microfone, em cima do palco, no centro da plateia. Configura-se erro fixar o meu olhar naquele cocuruto exposto? Deveria ser, mas sob o contexto, confronto o possível erro com uma analogia: por menos obstáculos que esse homem tenha entre a massa encefálica e o ar que circula entre nós, carregando um peso denso e bruto da realidade, esse homem, com sua careca à minha frente, parece não sentir o peso que acompanha toda e qualquer vida na Terra.
O homem que cito — e que enquanto fala é ovacionado por outros homens, carecas e não carecas, que compartilham a mesma roupa, parecida idade, mesma pele clara e, obviamente, a simples falta de compreensão com o real — parece um pouco irritado com o mundo. Uma irritação diferente, chilique de criança mimada, o desespero de quem tenta se blindar sobre o que é ser humano, carne.
[Continua...]