Crônica

Novas placas de rua em Porto Alegre: entre o presente e o passado

Change Size Text
Novas placas de rua em Porto Alegre: entre o presente e o passado Na placa da Avenida Sertório, lê-se “Intendente do Governo do Rio Grande do Sul”, mas intendente era equivalente a prefeito da cidade (Fotos: Arquivo pessoal)
Meu falecido tio Luiz tinha uma habilidade muito útil em uma época em que GPS integrado a um celular soaria como pura ficção científica: saber de cabeça a localização de praticamente qualquer rua de Porto Alegre. Meu pai, que durante muitos anos vendeu casas pré-fabricadas, inúmeras vezes recorreu a ele para localizar o endereço de algum cliente. Contar com a memória do meu tio era muito mais simples do que percorrer o confuso mapa da cidade que, em uma espécie de quebra-cabeças, compunha inúmeras páginas do guia telefônico. Caso o meu pai se perdesse – o que aconteceu incontáveis vezes –, a solução seria buscar informações com algum pedestre (e por vezes trancar o trânsito) ou então tentar enxergar o nome dos logradouros nas placas, o que nem sempre era uma tarefa simples para alguém que estava conduzindo um carro. Porto Alegre recebeu as suas primeiras placas de identificação de ruas em 1843.  Elas foram afixadas na parede dos imóveis e, ainda que a zona urbana ficasse restrita ao atual Centro Histórico, eram reflexo de uma cidade em expansão, na medida em que a localização das ruas da cidade poderia não mais caber na memória dos porto-alegrenses de então. Além disso, essas placas tinham por objetivo demarcar a nomenclatura oficial dos logradouros, uma vez que muitos deles ainda eram conhecidos por mais de um nome popular. Por exemplo, a atual Caldas Júnior era conhecida no século 19 por três nomes: Beco do Inácio Manuel Vieira, Beco Quebra-Costas e Beco do Fanha. Até pouco tempo atrás as placas de Porto Alegre, que tiveram layouts diferentes ao longo das décadas, encontravam-se em situação de quase abandono. Muitas estavam danificadas ou simplesmente haviam sido arrancadas. Em 2020 a Prefeitura concedeu a mudança e manutenção das placas das ruas para a iniciativa privada. A empresa vencedora da concorrência foi o Grupo Imobi. O contrato tem duração de 20 anos. O investimento previsto é de 9,4 milhões de reais, com a colocação de 82,4 mil placas. Em contrapartida, a empresa poderá fazer exploração publicitária.  O layout adotado pelo Grupo Imobi mantém o mesmo padrão de cores das placas substituídas, mas com duas alterações significativas. Em primeiro lugar, logo acima do nome completo do logradouro, foi colocado o nome mais conhecido da via. Dessa forma, a “Baltazar de Oliveira Garcia” também pode ser reconhecida como “Baltazar”. Em segundo lugar, abaixo do nome completo há uma pequena informação explicativa sobre o que ou quem é o homenageado. É claro que esse texto acabou ficando muito pequeno, mas ainda assim os pedestres conseguem lê-lo sem dificuldades.  É claro que buscar informações e sintetizá-las em milhares de placas não é das tarefas mais fáceis. Nem todas as referências são encontradas no Google ou mesmo em livros sobre a história de Porto Alegre. Em alguns casos, é necessário que se pesquisem fontes primárias, como jornais de época e atas da Câmara. Por isso, alguns logradouros ficaram com informações incompletas e/ou equivocadas nas novas placas de rua de Porto Alegre. Abaixo, […]

Quer ter acesso ao conteúdo exclusivo?

Assine o Premium

Você também pode experimentar nossas newsletters por 15 dias!

Experimente grátis as newsletters do Grupo Matinal!

RELACIONADAS
ASSINE O PLANO ANUAL E GANHE UM EXEMPLAR DA PARÊNTESE TRI 1
ASSINE O PLANO ANUAL E GANHE UM EXEMPLAR DA PARÊNTESE TRI 1

Esqueceu sua senha?

ASSINE E GANHE UMA EDIÇÃO HISTÓRICA DA REVISTA PARÊNTESE.
ASSINE E GANHE UMA EDIÇÃO HISTÓRICA DA REVISTA PARÊNTESE.