Homeschooling no dos outros é refresco | Parêntese

Daniel Weller: Do Front das Escolas

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Daniel Weller: Do Front das Escolas É surreal. Sur-real. Da minha janela, pra qualquer direção, o que encontro? Um Festival de Besteira que Assola o País. Neste momento de confusões verde-amarelas durante a pandemia, mais do que nunca, sinto falta do humor do Sérgio Porto (Stanislaw Ponte Preta) e do Millôr Fernandes. Pra compensar, releio Luis Fernando Verissimo. E ele, da sua toca em Petrópolis, alerta que “o coronavírus nos tornou repetitivos e burros (…) em tempos nada engraçados e pouco poéticos” e comenta sobre uma previsão: “mais algumas semanas trancadas em casa com as crianças para escapar do coronavírus, as mães descobrirão uma vacina”.  E, de repente, descobri como posso colaborar:  lançar garrafas ao mar do meu WhatsApp à procura de fatos científicos que embasem (ou não) a profecia. Por estarmos todos confinados, inventando atividades para não sucumbir ao desânimo e à depressão, as respostas vieram rápidas. Uma amiga do Rio, mãe de um menino de seis anos, enviou-me um tesouro: mais de quatro mil mensagens do grupo com 256 mães de um colégio do Leblon. Já avisei ao editor: ainda estou escavando a superfície desse achado antropológico. Possível que se encontre a vacina, mas provável que eu não consiga finalizar a transcrição dos áudios principais. Em primeira mão, segue um primeiro: Já que aqui é uma rede de ajuda quero saber se há mais gente surtada ou se é só eu e meu marido. Daí vou ser muito sincera com vocês: aqui em casa acabou! Acabou. Acabou paciência, acabou serenidade, acabou responsabilidade social, acabou tudo. Não estou mais dando conta, não. Não dou conta! Eu e meu marido estamos surtados. Surtados. As crianças precisam voltar pra escola. Urgente. Pelo amor de deus. HELLS OFFICE.  HELLS OFFICE. Sim, ainda estamos sem vacina, mas já existe um trocadilho. Na sequência, recebi áudios de um amigo carioca, professor de português. Trabalhamos no mesmo curso preparatório para concursos públicos, com o mesmo conteúdo. Nossos vínculos empregatícios foram cancelados. Eu espero o auxílio emergencial pingar na minha conta (“não vamos deixar ninguém pra trás”, Paulo Guedes – ministro e também humorista), e ele continua na rede pública do estado do Rio. É, Daniel, inventaram usar um tal de Classroom, e o MP do Rio deu 72 horas pro Secretário do Estado falar como é que contratou a Google, quanto tá gastando, como está vindo o dinheiro… Porque o sindicato foi contra, alguns deputados da ALERJ são contra e o Flávio Serafim, presidente da Comissão de Educação, fez uma representação junto ao MP. A argumentação é clara: o governo do Witzel tá colocando em risco o direito à educação de qualidade de centenas de milhares de adolescentes que não têm acesso à internet, ou tem acesso à internet precário. Mas, claro, o Secretário não foi à audiência, não respondeu e tá uma confusão danada. O MP indicou que não se faça, e a Secretaria passou por cima do MP e mandou fazer. E aí a gente recebeu umas mensagens no Whatsapp, ensinando como usar a plataforma. Eu, por exemplo, mandei […]

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É surreal. Sur-real. Da minha janela, pra qualquer direção, o que encontro? Um Festival de Besteira que Assola o País. Neste momento de confusões verde-amarelas durante a pandemia, mais do que nunca, sinto falta do humor do Sérgio Porto (Stanislaw Ponte Preta) e do Millôr Fernandes. Pra compensar, releio Luis Fernando Verissimo. E ele, da sua toca em Petrópolis, alerta que “o coronavírus nos tornou repetitivos e burros (…) em tempos nada engraçados e pouco poéticos” e comenta sobre uma previsão: “mais algumas semanas trancadas em casa com as crianças para escapar do coronavírus, as mães descobrirão uma vacina”.  E, de repente, descobri como posso colaborar:  lançar garrafas ao mar do meu WhatsApp à procura de fatos científicos que embasem (ou não) a profecia. Por estarmos todos confinados, inventando atividades para não sucumbir ao desânimo e à depressão, as respostas vieram rápidas. Uma amiga do Rio, mãe de um menino de seis anos, enviou-me um tesouro: mais de quatro mil mensagens do grupo com 256 mães de um colégio do Leblon. Já avisei ao editor: ainda estou escavando a superfície desse achado antropológico. Possível que se encontre a vacina, mas provável que eu não consiga finalizar a transcrição dos áudios principais. Em primeira mão, segue um primeiro: Já que aqui é uma rede de ajuda quero saber se há mais gente surtada ou se é só eu e meu marido. Daí vou ser muito sincera com vocês: aqui em casa acabou! Acabou. Acabou paciência, acabou serenidade, acabou responsabilidade social, acabou tudo. Não estou mais dando conta, não. Não dou conta! Eu e meu marido estamos surtados. Surtados. As crianças precisam voltar pra escola. Urgente. Pelo amor de deus. HELLS OFFICE.  HELLS OFFICE. Sim, ainda estamos sem vacina, mas já existe um trocadilho. Na sequência, recebi áudios de um amigo carioca, professor de português. Trabalhamos no mesmo curso preparatório para concursos públicos, com o mesmo conteúdo. Nossos vínculos empregatícios foram cancelados. Eu espero o auxílio emergencial pingar na minha conta (“não vamos deixar ninguém pra trás”, Paulo Guedes – ministro e também humorista), e ele continua na rede pública do estado do Rio. É, Daniel, inventaram usar um tal de Classroom, e o MP do Rio deu 72 horas pro Secretário do Estado falar como é que contratou a Google, quanto tá gastando, como está vindo o dinheiro… Porque o sindicato foi contra, alguns deputados da ALERJ são contra e o Flávio Serafim, presidente da Comissão de Educação, fez uma representação junto ao MP. A argumentação é clara: o governo do Witzel tá colocando em risco o direito à educação de qualidade de centenas de milhares de adolescentes que não têm acesso à internet, ou tem acesso à internet precário. Mas, claro, o Secretário não foi à audiência, não respondeu e tá uma confusão danada. O MP indicou que não se faça, e a Secretaria passou por cima do MP e mandou fazer. E aí a gente recebeu umas mensagens no Whatsapp, ensinando como usar a plataforma. Eu, por exemplo, mandei […]

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