Revista Parêntese

Editorial 30: As prateleiras, as estátuas, as estantes

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Editorial 30: As prateleiras, as estátuas, as estantes O tempo afinal está parado, pastoso, ou correndo rápido demais? Poucos dias atrás, eu tinha anotado, como tema obrigatório para este editorial, a derrubada das estátuas. Faz quanto tempo isso? Uma semana, por aí. E já esquecemos? Quem estava vivo e atento nos anos 60 e 70, talvez tenha lembrado de uma canção do Caetano Veloso, a deliberadamente polêmica “É proibido proibir”. A história foi contada várias vezes pelo autor: era final de 1968 e estava sem intenção de se inscrever no Festival Internacional da Canção, da Globo, quando seu produtor, Guilherme Araújo, insistiu na inscrição de uma canção que Caetano já tinha feito por pressão de Araújo sobre um dos lemas do Maio de 68, o francês.  A frase estava dando sopa, como se dizia na época, e Caetano inventou uma marcha-rancho quebrada e tocada com Os Mutantes, mais arranjo de Rogério Duprat – um conjunto de provocações contra conservadores, de direita e de esquerda.  Em certo momento diz a letra: “Derrubar as prateleiras, as estátuas, as estantes, os livros, sim! Eu digo sim ao sim, eu digo não ao não! Proibido proibir!” Aos gritos. Sempre tive um ruim de ver os livros nessa conta anarquista. E agora as estátuas. A memória precisa desses elementos – devidamente criticados, reposicionados, revistos, mas de pé e acessíveis. Chegamos ao número 30 com uma fartura que dá gosto. Nas ilustras, a sensacional bolação do Pablito Aguiar e a segunda tirinha da dupla David & Cousandier.  Por outro lado a reportagem mostra o que falta: após dois anos sem assembleias e um ano de orçamento enxuto, o Orçamento Participativo pode não sobreviver à pandemia. O ensaio de imagens de Flávio Wild, trazendo uma Porto Alegre já antiga para os nossos olhos, faz par com o estudo de Julia da Rosa Simões, que começa a apresentar umas das tantas histórias ocultas da cidade, a do Petit Casino. Na entrevista, uma conversa de dar gosto com o Renato Rosa, marchand, figura de presença forte na cena cultura, de Porto Alegre e do Rio. Tire um tempo, caro leitor, para viajar no tempo e nas figuras que ele conheceu.  Rafael Escobar vem com o capítulo 5 das peripécias de Jonas Pasteleiro. Fabiano Golgo conta uma das arábias do Jorge Amado (na verdade, da República Tcheca). José Falero relata como encontra e desencontra Deus.  Entra em cena Celso da Silva Dias, dono de texto certeiro e ótimas histórias, aqui lembrando uma cena do serviço militar, de umas quatro décadas atrás. Luciano Dutra oferece um Hans Christian Andersen direto do dinamarquês, num conto há pouco descoberto, a quase 200 anos de distância.  Cláudia Laitano conta do psicopata, qualquer um e este que a prezada leitora cogitou. Arthur de Faria conta do começo do rádio. Tiago Schiffner visita um poderoso cd do Criolo, na resenha. E ainda tem nossas parcerias, com a Plantabaja e com a revista Rusga!  – Luís Augusto Fischer

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O tempo afinal está parado, pastoso, ou correndo rápido demais? Poucos dias atrás, eu tinha anotado, como tema obrigatório para este editorial, a derrubada das estátuas. Faz quanto tempo isso? Uma semana, por aí. E já esquecemos? Quem estava vivo e atento nos anos 60 e 70, talvez tenha lembrado de uma canção do Caetano Veloso, a deliberadamente polêmica “É proibido proibir”. A história foi contada várias vezes pelo autor: era final de 1968 e estava sem intenção de se inscrever no Festival Internacional da Canção, da Globo, quando seu produtor, Guilherme Araújo, insistiu na inscrição de uma canção que Caetano já tinha feito por pressão de Araújo sobre um dos lemas do Maio de 68, o francês.  A frase estava dando sopa, como se dizia na época, e Caetano inventou uma marcha-rancho quebrada e tocada com Os Mutantes, mais arranjo de Rogério Duprat – um conjunto de provocações contra conservadores, de direita e de esquerda.  Em certo momento diz a letra: “Derrubar as prateleiras, as estátuas, as estantes, os livros, sim! Eu digo sim ao sim, eu digo não ao não! Proibido proibir!” Aos gritos. Sempre tive um ruim de ver os livros nessa conta anarquista. E agora as estátuas. A memória precisa desses elementos – devidamente criticados, reposicionados, revistos, mas de pé e acessíveis. Chegamos ao número 30 com uma fartura que dá gosto. Nas ilustras, a sensacional bolação do Pablito Aguiar e a segunda tirinha da dupla David & Cousandier.  Por outro lado a reportagem mostra o que falta: após dois anos sem assembleias e um ano de orçamento enxuto, o Orçamento Participativo pode não sobreviver à pandemia. O ensaio de imagens de Flávio Wild, trazendo uma Porto Alegre já antiga para os nossos olhos, faz par com o estudo de Julia da Rosa Simões, que começa a apresentar umas das tantas histórias ocultas da cidade, a do Petit Casino. Na entrevista, uma conversa de dar gosto com o Renato Rosa, marchand, figura de presença forte na cena cultura, de Porto Alegre e do Rio. Tire um tempo, caro leitor, para viajar no tempo e nas figuras que ele conheceu.  Rafael Escobar vem com o capítulo 5 das peripécias de Jonas Pasteleiro. Fabiano Golgo conta uma das arábias do Jorge Amado (na verdade, da República Tcheca). José Falero relata como encontra e desencontra Deus.  Entra em cena Celso da Silva Dias, dono de texto certeiro e ótimas histórias, aqui lembrando uma cena do serviço militar, de umas quatro décadas atrás. Luciano Dutra oferece um Hans Christian Andersen direto do dinamarquês, num conto há pouco descoberto, a quase 200 anos de distância.  Cláudia Laitano conta do psicopata, qualquer um e este que a prezada leitora cogitou. Arthur de Faria conta do começo do rádio. Tiago Schiffner visita um poderoso cd do Criolo, na resenha. E ainda tem nossas parcerias, com a Plantabaja e com a revista Rusga!  – Luís Augusto Fischer

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