Boas e não tão boas lembranças nestes meus anos em Porto Alegre
A gente encontra a cidade, e nela se encontra, ou se desencontra, em muitos contextos. Quando penso em Porto Alegre, que neste ano dizemos comemorar 250 anos, penso em momentos vividos na cidade. Relembro aqui um episódio e quatro lugares. Era o dia 27 de abril de 1976. Eu cursava o primeiro semestre do curso de Geologia na UFRGS. A gente estava no prédio do Instituto de Geociências, no início da tarde, para aulas ou alguma outra atividade ou apenas para conviver entre os novos colegas e estar pelo diretório acadêmico. O prédio ficava na rua Gal. Vitorino, quase na esquina com a Santa Casa. Não lembro como, circulou a notícia de que as Lojas Renner estavam pegando fogo. Fomos em cinco minutos até a praça Otávio Rocha, e ficamos parados na parte superior, praticamente na frente da igreja luterana que existe ali. O incêndio já tinha grandes proporções.
Era um tumulto de carros, bombeiros, mangueiras, helicóptero, gente, uma tarde quente, um sol de rachar, muita fumaça. Na posição em que estávamos, se via todo o desenrolar da situação. Depois andamos pelas ruas laterais, olhando a coisa de outros ângulos, e descobrimos que a água estava sendo bombeada do rio Guaíba, de um barco, para ajudar no combate às chamas, com mangueiras atravessando as avenidas Mauá e Júlio de Castilhos pela Dr. Flores. Ninguém mais conseguiu voltar para as aulas. No final da tarde retornei para casa caminhando pela Avenida Osvaldo Aranha. O corredor central, na época já reservado aos ônibus, havia sido interditado para circulação de ambulâncias até o Pronto Socorro. A cidade viveu um engarrafamento de trânsito sem precedentes.
[Continua...]