Em busca de Apolinário Porto Alegre (parte I)
Entrar em uma casa é como tirar a máscara de um rosto: pela porta passa-se da fachada que espreita a rua e se tem acesso a uma realidade íntima, que não quer se mostrar a todos. Os móveis, os quadros, a cor das paredes, o piso, os lustres, tudo forma um conjunto particular e único.
Foi essa a sensação que experimentei quando, há algumas semanas, cruzei a porta da Clínica Dr. Porto Alegre, aonde precisei levar minha filha para fazer um exame de rotina. O local fica em uma antiga casa na rua Félix da Cunha, quase em frente à Associação Leopoldina Juvenil. Assim que fechei a pesada porta de alumínio, encontrei-me imerso em uma atmosfera muito diferente dos barulhos de carros da rua. À minha esquerda, logo após o hall de entrada, havia uma imensa sala com sofás pretos, lareira, móveis antigos e inúmeros quadros na parede. Não era o que eu esperava encontrar em uma clínica médica.
Caminhamos pelo corredor até a recepção, que ficava bem no centro da casa, local que deduzi que fosse a antiga sala. Na parede à minha esquerda, um imenso espelho, com o contorno todo entalhado em madeira. Acima dele, um relógio cuco. Esta casa tem história, pensei comigo. Enquanto minha mulher se identificava, peguei o bebê-conforto. Dentro dele, minha filha tinha os olhos arregalados, como se também estivesse curiosa.
[Continua...]