Mais África em nossas vidas
Para melhor entendimento deste texto, sugiro que o leitor procure na rede e vá ouvindo “Ladysmith Black Mambazo” como trilha sonora. A canção “Homeless” é uma boa pedida.
Há coisa de 600 anos, o pessoal que vivia no interiorzão da África começou a receber visitas de um povo extremamente selvagem e cruel, mestre nas artes de matar e capturar gente. Chegavam matando, prendendo e arrebentando e depois negociavam, sempre em posição de quem está com a faca, o queijo e o pescoço do outro na mão. Faziam acordo com uns pra melhor matar, prender e arrebentar os outros.
Os africanos capturados eram levados pra longe, embarcados à força nos porões de navios, para serem vendidos como gado. Ao mesmo tempo e com a mesma violência, os selvagens europeus começaram a invasão de ainda outro continente, ao qual deram o nome de América. Com sua peculiar truculência, foram roubando as terras dos que lá viviam, a quem apelidaram de índios. E pra lá vendiam os africanos escravizados.
Nas terras ocupadas, instalaram grandes plantações de açúcar, algodão, café, cacau, banana… enfim, o que pudessem negociar com seus conterrâneos. Além disto, extraíram toneladas de ouro e prata. Pra isto, porém, alguém precisava trabalhar, né? Pois é! Foram estes, os africanos negros, que pegaram no pesado e construíram a base da riqueza daqueles que os capturavam e vendiam.
Este é o resumo da história. Já nos ajuda bastante a entender o mundo, mas é um resumo pobre. Vamos adiante, mas, antes de chegarmos no que julgo ser o que mais importa, quero observar que não estou falando só dos africanos que vieram para o Brasil, trazidos pelos portugueses. Falo dos que foram para os Estados Unidos, para o Caribe, para as minas e portos do Equador e do Peru, todos debaixo dos trabucos e chicotes de ingleses, franceses, holandeses, espanhóis…
[Continua...]