Um marasmo cheio de movimento
Sessenta anos atrás, 1961, ocorreram episódios de alta força em todos os quadrantes, no plano ocidental e também no pátio de casa. Duvida?
O russo, aliás, soviético, Iuri Gagarin é o primeiro homem no espaço sideral a orbitar a Terra. Meses antes, os Estados Unidos rompiam relações com Cuba, já com Fidel Castro no poder, e davam posse a um presidente com cara de moderno, John Fitzgerald Kennedy. Em abril, ocorreu o patético espetáculo da invasão da Baía dos Porcos, patrocinada pela CIA.
Em agosto começa a ser erguido o lamentável Muro de Berlim. Sim, era o auge da Guerra Fria – “fria” porque o principal palco de conflitos quentes ocorria fora da Europa, no Sudeste Asiático, na África, na América. (A Europa ainda lambia as feridas da Segunda Guerra, terminada apenas dezesseis anos antes.) Em Angola, tem início um longo processo de luta pela independência neste mesmo 1961, assinalando o começo do fim do império colonial português.
No Brasil, o mergulho numa crise gerada artificialmente por um presidente populista desequilibrado: em agosto, Jânio Quadros renuncia, calculadamente na hora em que seu vice estava no lugar mais longe possível, a China. Por sorte, o governador do Rio Grande do Sul era Leonel Brizola, que honrou seu mandato e a melhor tradição sulista e promoveu o que ficou conhecido como Campanha da Legalidade, uma resistência contra o golpe que já então alguns militares queriam dar, negando a posse do vice, Jango Goulart. Ele seria empossado com algum retardo, mas aceitando a imposição do regime parlamentarista, que teria curta vida.
[Continua...]