Ensaio

Valor e constância

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Valor e constância

“Vivieron su destino como en un sueño, sin saber quienes eran o qué eran. Tal vez lo mismo nos ocurre a nosotros.” J. L. Borges – poema El Gaucho

“Força a minha inteligência a ser poeta sem catecismo”, disse Noel Guarani – e na frase seguinte emendou: “eu aprendi cantar versos em faculdade campeira”.

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“Vivieron su destino como en un sueño, sin saber quienes eran o qué eran. Tal vez lo mismo nos ocurre a nosotros.” J. L. Borges – poema El Gaucho

“Força a minha inteligência a ser poeta sem catecismo”, disse Noel Guarani – e na frase seguinte emendou: “eu aprendi cantar versos em faculdade campeira”.

Então, está dito: essa “faculdade” que, seguindo a letra de Filosofia de Gaudério, tem por aulas “reuniões galponeiras” e por campi os “bolichos de campanha”, é uma coisa; catecismo é outra. Imagina então quando o assunto não é algo com uma bem sólida presença no repertório das coisas do povo, como a poesia; imagina quando é coisa de faculdade, mesmo, sem aspas. Mais catecismo, precisa… Comungar não é o mesmo que rezar missa ou oficiar de sacristão. 

Fiz catecismo aos seis anos. De ouvido, meio atrapalhado, ao lado dos quatro irmãos maiores e já alfabetizados. No dia da primeira comunhão, o Padre Rosendo perdeu de maneira clara e rara a paciência, quando, depois que não lembrei o Ato de Contrição (e, contrito, assumo que nunca soube) e alguma outra reza, para dar-me por sacramentado pediu a Ave Maria. E não lembrei. Essa eu conhecia muito bem, mas sei lá, não saiu. Pensei que tinha rodado e até hoje não sei se é possível rodar nessas coisas. Mas fui chamado para a fila e tomei comunhão, hóstia molhada no vinho (o que me causaria uma espécie de decepção com a liturgia já no domingo seguinte; já na “segunda comunhão”, onde o corpo de cristo estava seco, como seria por muitos domingos infância afora). 

Completei o catecismo das Ciências Sociais. Nada mais; sem confirmação: também nelas não me crismei. Mas se não segui próximo às liturgias acadêmicas, meus caminhos, meus assuntos, minhas inquietudes comungam, à sua maneira, com elas. Não seria verdadeiro dizer que minhas reflexões me foram suscitadas puramente na faculdade da vida. 

Na minha trajetória de músico, dedicado a pesquisar um estilo específico e suas manifestações em outros países e em outro idioma, suas relações com o folclore, a ancestralidade, a história e o território, sinto a especial proximidade da Antropologia. Esse mesmo trabalho, associado ao que desenvolvi no rádio, ensejou uma aproximação quase reconciliatória com a universidade, com os convites para participar de diversas atividades. 

Talvez esse reencontro tenha reconvocado e até engordado alguns interesses antigos que pertencem àquela intersecção entre saberes quase sempre tidos como apartados. Tenho a esperança de que reflexões e “achados” um tanto esparsos do meu transitar possam contribuir de modo original a estudos metódicos e sistemáticos de gente conhecedora e séria; às vezes algo assim acontece.  

Há um exemplo preferido no terreno da Antropologia. A não ser por eventos culturais de caráter folclórico, no Rio Grande do Sul, não há muita gente que se anime a se referir a uma “etnia gaúcha”. No Festival Gastronômico de Manoel Viana, por exemplo… estão representadas as “etnias” alemã, italiana, africana e gaúcha – e não é difícil perceber a imprecisão do conceito, mas não é impossível imaginar por que ele está aí. O pequeno município da fronteira oeste, antigo Passo Novo do Ibicuí, Terceiro Distrito de São Francisco de Assis, não foi buscar na antropologia a categoria em que agruparia o churrasco e o carreteiro servidos na ocasião, como não deve ter se fixado na sua etimologia, grega como a da ambrosia da sobremesa.

Mas viu, como vários festivais culturais ou folclóricos viram, alguma exatidão nessa palavra para encerrar uma espécie de identidade reconhecível e reconhecida. Trata-se de eventos abertos, populares, às vezes multitudinários – e é interessante constatar que seus promotores não apenas se satisfizeram com esse “conceito”, mas o consideraram apto a dar conta do que queriam anunciar ao público em geral.   

A academia e a ciência não se podem dar essas licenças.

Pensar em uma “etnia gaúcha” é meter o peito n’água em uma questão de sempre: quem é ou foi o gaúcho, em diferentes momentos históricos; quais foram as construções simbólicas, míticas ou não, a seu respeito – e, ponto central, o que se faz com elas. 

Nessas discussões, também argentinas e uruguaias, o Rio Grande do Sul sai em uma desconfortável posição, digamos, semântica, desde que se adotou amplamente o gentílico “gaúcho” para o estado. Apartemo-lo um pouco, para não nos enlearmos na confusão insuportável com “rio-grandense”. Começamos a cortar pelo pedaço mais duro: como eu disse aí em cima, o gaúcho é…. ou foi.

No Museo del Gaucho, em Montevidéu, não há nenhuma bombacha exposta. Do ponto de vista curatorial, digamos, da instituição, o período mais ou menos coincidente com o final da Guerra do Paraguai marca o final da existência dessa… desse… dessa gente! Aí, bueno; não há como não lembrar a magnífica sacada que eu chamo de regra dos 70 anos. Bioy Casares, citado pelo Guilhermino, acho: “gaúchos eram os que existiam até…” 

Vais lá ver… e são 70 anos, clavado. 

Há pouco se dizia que os últimos gaúchos acompanharam a Revolução de Trinta; antes, 23, 93, Paraguai, Farroupilha… Mas os marcos não são só guerreiros, por mais que esses eventos sejam caros à representação ufanista, ou mítica, ou literária, ou heroica ou o que for. A chegada de imigrantes; do arame; de determinadas tecnologias e cultivos; da televisão…. sempre terminaram de matar esse moribundo eterno. Há setenta anos. Não há como não notar que setenta anos podem ser, digamos, o tempo de transmissão oral de avós a netos; ou o tempo de duas gerações. Não é o relato da História ou da Literatura, um passado sem um contato afetivo e familiar. É o tempo registrado e contado por meus “maiores”, meus antepassados. 

Essa constatação combina muito com outra, que me fez imaginar um título irônico para um texto que nunca escrevi: “Gauchismo: seus detratores, seu gauchismo”. Sim, porque concordemos que não é raro que alguns dos críticos que apontam (legitimamente, desde já) a mitificação e manipulação da identidade gaúcha deixem transparecer, indisfarçável, sua própria sensação de pertencimento a uma parte selecionada desse universo, ou mais do que isso; de ciumenta propriedade sobre ela. São os que têm afeto por suas vivências de infância e juventude ou os relatos de parentes; que consideram válida uma parte do cancioneiro e da literatura… e acabam por posicionar-se (às vezes, constrangidos, mas sempre amorosos) nessa querela sobre o que é ou foi “legitimamente” gaúcho. Há uma proximidade de tempo e espaço; não se está falando em uma ancestralidade de outro continente, do tempo dos tetravós. Há gente vivendo à maneira tradicionalmente gaúcha aqui ao lado; não menos lindeiras são as lembranças, quando, afinal, somos majoritariamente urbanos há tão pouco tempo. 

Mas aqui não quero mais do que mencionar; ter em conta, sem entrar em sua riqueza, as discussões conhecidas e reiteradas a respeito do gaúcho mítico, do tradicionalismo e seus antecedentes, do falseamento histórico, da instrumentalização ideologizada. 

Sabido é que o gaúcho foi alguém que surgiu e viveu, inicialmente, totalmente à margem da sociedade colonial. O desinteresse das nações em conflito pela ocupação de fato da região, a fronteira imprecisa… vários elementos o deixaram “à vontade” para estabelecer-se como o fizeram os cães alçados: um grupo autorregulado, vivendo dos sobejos do gado estupendamente reproduzido. 

(A esse respeito, uma observação: talvez ainda falte estudar o efeito ecológico dessa disseminação de milhões de animais de 300 a 500 quilos, com suas necessidades alimentares e espaciais, onde não havia, antes, nada similar. Não seria estranho pensar que devem ter sumido espécies, outras se reproduzido exponencialmente – gramíneas ressemeadas pelo processo digestivo, outras extintas; roedores ou répteis que perderam habitat; predadores que passaram a ter terneiros e bois velhos à disposição… Saint-Hilaire ou Dreys contam de caçadas de várias onças a laço no campo. Parece uma situação anômala, que em nada lembra a onça solitária, extremamente territorial, cada indivíduo ocupando uma área ampla, em zonas de floresta ou no mínimo muito mais arborizadas – cerrado, caatinga, pantanal.)  

O gaúcho viveu, então, como os cronistas o descreveram: livre (já tive oportunidade de dizer que tenho uma espécie de “fantasia circunstanciada”, segundo a qual, comparado ao rigor, à violência, à exclusão da sociedade colonial, esses indivíduos viviam de forma altamente tolerante e inclusiva); sem Lei, nem Rei, nem Deus… mas não por muito tempo. Historicamente, o momento seguinte o transforma, quando esses campos e esse gado passam a ter dono, no famoso “peão-soldado”. Pesquisas recentes mostram que, na região de Buenos Aires, inclusive, aquela condição de camponês livre, alvo da nostalgia de Martín Fierro, em geral tomada como mítica por bons analistas, deve ter de fato se verificado em alguma medida. 

Falta dizer de onde saiu esse sujeito. Pode-se intuir que esteja correta aquela referência a um mestiço bastardo de homem peninsular e índia, em uma união provavelmente no mais das vezes violenta. Mas também, engrossando fileiras na mesma condição de pária ou marginal, estavam desertores de tropas regulares e marinha, mesmo de barcos piratas; “mozos perdidos” de boas famílias (de Santa Fé, por exemplo), que parecem aderir a esses bandos – e falta, sem dúvida, estabelecer o quão negros podem ter sido esses gaúchos originais; por deserção, fuga de escravizados e opção, no caso de negros livres. Aqui, cabe destacar uma definição – uma palavra, sobretudo – presente na descrição de Nicolau Dreys, que me atrevo a dizer que passou despercebida em seu enorme significado: ele diz que os gaúchos são membros de uma singular “associação”. O que isso indica, quanto à forma como o autor crê que esses indivíduos se reuniram; quanto à forma como vivem? 

Escrevi uma vez com uma hipérbole humorística, mas com essência séria, que os gaúchos do primeiro período podem ter sido uma “sociedade alternativa”. O tempo, uma certa literatura, o Positivismo, algumas historiografias, enfim, muitíssimas forças de construção de narrativas o pintaram (e a seus continuadores; e a todos nós, cobertos por aquele gentílico que enreda rastros) como maniqueístas, “grenalistas”, polarizadores, radicais do “ou”, incapazes de aceitar esse “e” aquele…. 

Seria assim, lá no início? (E não é uma pergunta qualquer, já que buscamos tanto uma referência identitária naquele início.) Gaúchos precisavam falar minimamente os idiomas das nações em guerra; as línguas indígenas. Comerciavam ou contrabandeavam com todos, com piratas de ainda outras nacionalidades, provavelmente com quilombolas. Acolhiam indivíduos de procedências muito distintas, pareciam naturalizar condutas bastante vedadas na sociedade regular. 

Tomemos o exemplo da violência, como algo que aproxima da “selvageria” e distancia da “civilização”. Os cronistas são unânimes em afirmar que esses homens dificilmente matavam. O “jogo do primeiro sangue” também está bem documentado, é verdade – ao primeiro talho, quem perdeu paga a conta ou algo parecido. Mas como comparar a crueza (convenhamos que algo inocente) desse costume, com a cultura violenta da sociedade de estratificação e privilégios a cuja margem viviam, marcada pela escravidão, execuções públicas, genocídio, castigos físicos a militares, estudantes e marinheiros; duelos… e na qual grassavam a Inquisição e as Ordenações?

Quando Dreys diz “…sem chefes, sem leis, sem polícia, os gaúchos não têm da moral social senão ideias vulgares…”, pode ser que tenha tido a intenção de que concluíssemos: “que bárbaros…!” Era um francês no início do século XIX. Talvez hoje disséssemos mais naturalmente: “que livres!!!” Quais são as “ideias vulgares” de moral que seguiam? Talvez as básicas, as elementares, as essenciais; como os indígenas aos quais o mesmo autor os compara, quebrando as éticas coloniais do trabalho, da propriedade e da culpa.

Mas como combinar essa descrição com o gaúcho muitas vezes referido como fiel, até como servil, enquadrado na nova realidade da estância? 

As melhores discussões não se dão entre “verdade” e “mentira”; é historicamente lícito tanto buscar a referência do gaúcho livre quanto do fiel servidor. Então, entram na cancha a intenção e a orientação ideológica de quem o faz. “Sou do Guede, morro seco e não me entrego!” é verdade histórica: o estancieiro/caudilho tinha seguidores de fidelidade canina. Mas também é verdadeiro o guri andrajoso, deitado debaixo de uma árvore sem fazer nada, ao qual o viajante europeu pergunta, penalizado, se não quer trabalhar para ele. O guri olha de cima a baixo o estrangeiro e pergunta: “e o senhor? Quer trabalhar para mim?”

Talvez o que haja de mais fascinante nos contemporâneos gaúchos campeiros seja o ponto de encontro ou intersecção desses dois momentos históricos: a permanência do libertário no contemporâneo, no peão encravado na sociedade de classes. Acho que se alguma coisa, mais do que qualquer aparência ou circunstância, pode ser tomada como o que define esse gaúcho, é sua economia tão particular entre arrogância e humildade. Quem se aproximou dele certamente já se surpreendeu com as duas coisas, em momentos inesperados. 

Soy humilde y orgulloso

Siento y reclamo respeto

Bajo de mí, mi caballo

Sobre de mí, mi sombrero

Mas talvez o principal, aqui, nem seja determinar se optaremos por reivindicar o gaúcho como símbolo libertário ou já encaixado na estrutura maior de poder e propriedade. A questão é se podemos chama-lo da mesma forma, vê-lo como um, nesses dois momentos. E então talvez também possamos, experimentalmente, como exercício, desprezar aqueles cortes de setenta anos e a curadoria do museu montevideano e vê-lo, a esse gaúcho, como alguém que de alguma forma continuou, mesmo que não imune às mudanças que se produzem ao longo de duzentos anos (como de resto quase nada está.)  

Não apenas os festivais gastronômicos e folclóricos mencionam uma etnia gaúcha – mas não muito mais gente o fez. 

É muito frequente encontrar essa referência em manifestações molhadas naquele ufanismo que já se referia com o termo “raça” a esse grupo de homens (sempre muito antes de mencionar mulheres, mesmo que já não haja razões, digamos, demográficas para isso, como parecia haver ao tempo de alguns viajantes e cronistas). Nos países platinos e no Rio Grande do Sul, não aparece uma argumentação no sentido de que possa haver nesse personagem social e histórico uma etnia, segundo um conceito contemporâneo. A palavra costuma ser usada ao lado de exaltações de valores atribuídos ao gaúcho mítico e literário, tais como heroicidade, valentia, senso de justiça. Não raro tem algum ressaibo supremacista ou está associada, por exemplo, a uma pregação de independência do Rio Grande do Sul extemporânea e contaminada de xenofobia obscurantista. 

Esse ambiente político e cultural faz com que mais facilmente a possibilidade de considerar a existência de uma “etnia gaúcha” seja rechaçada por quem trata o assunto com seriedade e bom-senso. 

Talvez a definição contemporânea, descolada daquela ideia de “raça” e centrada no compartilhamento de identidades culturais e linguísticas e, sobretudo, na autodefinição, nos autorize, sim, a ao menos cogitar a existência de uma etnia gaúcha. Há um grupo expressivo de pessoas, em três países, que se identifica e refere a si próprio como “gaúchos”, a partir da ancestralidade, do território e do compartilhamento de um repertório de referências históricas, simbólicas, linguísticas e de hábitos. Desses, há os que permaneceram no campo, em condições de vida e trabalho semelhantes às de seus antecedentes; mas há que dizer-se algo, também, sobre aqueles, muito mais numerosos, que não correspondem a esse cenário tradicional. 

Ninguém terá dificuldade em ouvir de um cigano que é cigano, ainda que ele não toque violino, não use brinco, não viva em comboio e não ponha cartas. Cigano, é o que ele diz ser, a partir de uma ancestralidade, uma origem, um compartilhamento de símbolos, pertencimentos e orgulhos. Ancestralidade e origem, diga-se de passagem, que pode ter importância fundamental, mas para muito além de sua comprobabilidade científica: uma comunidade étnica, como diz Weber, precisa antes de mais nada crer em sua “comunalidade ancestral” e afirmá-la.  

Difícil pensar o que, dessas descrições, faltaria ao expressivo grupo de pessoas que se reivindica “gaúcho/a”. Acresça-se aí a construção da identidade étnica em contraposição ao “outro”; ela também parece evidente na afirmação do ser gaúcho, por parte de quem o reivindica, hoje e ao longo da História. 

Retomando aqueles catequéticos assuntos do início deste texto, a partir de um caminho e de uma posição externos à academia, mas também, de alguma forma, de dentro dela, o que tento desde sempre é argumentar que a manipulação mistificadora e ideológica da referência “gaúcho” por determinados grupos ao longo da História fez com que tudo o que a ele se refere fosse tratado com desconfiança pelo pensamento mais emancipado e emancipador da Ciência Social e da Cultura – e talvez não precise ser assim. Talvez haja um resgate a fazer, se acharmos que houve uma apropriação. Talvez o gaúcho histórico possa livrar-se das suas pechas-pilchas mais incômodas e assumir um papel diverso da justificação do retrógrado. Talvez, mesmo, ele seja a ancestralidade de um grupo étnico, na melhor definição contemporânea e acadêmica.

E talvez, por fim, nos falte um pouco da ousadia eucarística de embeber no sagrado vinho da pluralidade de saberes a secura dos rigores conceituais. 


Demétrio de Freitas Xavier é cantor, violonista, intérprete da obra de Atahualpa Yupanqui, e radialista, que manteve por muitos anos o programa “Cantos do sul da terra”.

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