“O olho do homem serve de fotografia ao invisível, como o ouvido serve de eco ao silêncio”. (Machado de Assis) Na acepção de um flâneur que não precisa ser percebido, este pode ser aquele que consegue estar em todos os lugares e ao mesmo tempo em lugar algum. E foi assim que me encontrei com a fotografia de rua, como alguém que não estava lá. Faz um tempo que caminho solitário, e muito, e desta forma consigo desligar do meu cenário para involuntariamente mergulhar no cotidiano alheio. Encantam fachadas a que não pertenço, rostos que não conheço e assim vai se criando um mundo que não habito, mas até desejo. Se como dizem alguns pensadores – Barthes entre outros – que a fotografia é contingente e necessita de uma máscara que a signifique, o recorte de uma mentira, o registro destes momentos pode ser a construção de uma fantasia. Perco-me nesta brincadeira de, aos desconhecidos, atribuir sentidos. Deles nada sei, então assumo a liberdade de sugerir pensamentos, de inventar destinos, exaltar vontades, de, enfim, associar expressões à rígida e fria inércia das imagens. Marcelo Freda Soares – @camafunga no instagram, médico parte do tempo, caminhante inveterado e fotógrafo de rua. Entre os trabalhos fotográficos as imagens que compõem o CD e Songbook Campos Neutrais de Vitor Ramil.
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