Espectros do envelhecimento
No final de 2013, fui morar no Rio de Janeiro, onde fiz importantes descobertas que ampliaram a minha visão do mundo, dando mais sentido ao meu envelhecer. Em novembro de 2019, voltei a residir em Porto Alegre para estar junto da minha neta. A Pandemia trouxe o inusitado, Passei a assistir seu crescimento por vídeo chamadas.
Morar durante 6 anos no Rio, cidade de cores inebriantes e luminosidades, muitas peculiaridades dos cenários cariocas transformaram meus conceitos estéticos e ampliaram meu olhar para ousar. Na praia o impacto dos corpos de velhas e velhos, “disformes” e quase desnudos na melhor idade para envelhecer, me levaram impulsivamente a registrar essas imagens. Em grupos dos quais as mulheres eram maioria, sentavam-se à beira da praia ou caminhavam sozinhas em trajes de banho, desenvoltas, sem responder ao padrão estético do qual beberiquei ao longo dos anos nos coquetéis de imagens da mídia e publicidade! Eu era semelhante a elas, não fosse uma imensa diferença: não ousava usar bermudas, muito menos ficar desnuda.
E foi assim que comecei a espiar esses corpos, entre eles o meu, e refletir sobre as transformações do tempo que troca a beleza, a sensualidade e o viço da juventude pelas marcas e cicatrizes da experiência.
[Continua...]