POAlaroides urbanas, um breve ensaio fotográfico
Sem querer tirar ninguém pra Christo, Porto Alegre também tem os seus Banksys, alguns Kobras, outros nem tanto, alguns conhecidos, outros anônimos, todos a colorir a paisagem dura da cidade com suas criações artísticas.
Em vez de o cinza violentar o muro, parodiando Loyola, aqui fica um acervo multicolorido e pitoresco daqueles que venceram o conformismo e, com o spray de sua rebeldia, saíram a aquarelar muros e fundos.
Criações luminares, crepusculares, por todos os lugares… formam um mosaico urbano de muitas possibilidades e linguagens. Alguns, pura visualidade; outros, poemas no concreto ou simples garatujas — funcionam como verdadeiros carimbos urbanos, a revelar toda a nossa diversa cidade.
Porto Alegre tem assim os seus artistas visuais, urbanos, suburbanos, merecedores de crédito e registro. Em 2021, mesmo em tempos pandêmicos, ou não, será lançado um livro que servirá como um verdadeiro catálogo de 10 anos de registro dessa criação artística.
A obra será um manifesto mais visual que literário, registro em celular (“um celular na mão e uma ideia na parede”) de uma arte à mercê da chuva e do vento, patinada e craquelada pelo tempo, posta abaixo junto com os muros, com certeza merecedora de um inventário, mesmo que amador, ou nem tanto. Quem dera as novas gerações soubessem o que foi um dia o Deu pra ti anos 70, o Celacanto provoca maremoto, o Elis vive! (e o doce sarro anarquista Breshnev vive!), além, é claro, do nem tão distante e ainda encontrável pelos arrabaldes Toniolo.
Este breve ensaio fotográfico é um introdutório a uma ode visupoética a Porto Alegre, POAlaroides urbanas.
Breno Serafini é natural de Santiago-RS, nascido em 14 de março de 1961. Com doutorado em Letras pela UFRGS, é autor dos livros Mosaico Laico (CBJE, 2010), Geração Pixel (Edições do Autor, 2012), Millôres Dias Virão (Libretos, 2013), Picassos Falsos (Buqui, 2014), Bichos de Todos os Reinos, (Edições do Autor, 2015) e Colloríssimo – a coroação e o destronamento de Collor segundo Verissimo (AGE, 2016).
