Entrevista | Parêntese

Da ditadura à idiotia, passando por Nelson Rodrigues, Pelé e João Saldanha – Entrevista com Juca Kfouri

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Da ditadura à idiotia, passando por Nelson Rodrigues, Pelé e João Saldanha – Entrevista com Juca Kfouri
Feita por Skype, dia 22 de novembro de 2019, por Luis Augusto Fischer Caso raro de jornalista investigativo (quer dizer, jornalista que gosta de reportagem, ou seja, jornalista mesmo), cem por cento identificado com o universo do futebol e da crônica esportiva ligada a ele, Juca Kfouri é uma voz respeitada nacionalmente para muito além dessa bolha – enorme bolha, mas bolha. Corintiano, paulista, interlocutor de políticos de primeiro escalão como FHC e Lula, Juca transita galhardamente entre a vida pé no chão do jogo de bola mais famoso do mundo e a vida sutil das discussões legais, políticas, ideológicas que envolvem o destino do mundo. A conversa correu frouxa, sem travas, mas com algumas limitações, não exatamente tecnológicas, e sim de operação – nem o perguntador nem o entrevistado são muito hábeis no manejo de microfones e câmeras, de forma que a imagem de Juca esteve visível apenas parte do tempo, e ele não viu nunca a cara do entrevistador. Ambos rimos de nossa incompetência. Talvez por sermos cidadãos do planeta Gutemberg, os dois consideramos que a conversa rolou adequadamente. O leitor pode avaliar por si.  Juca trabalhou nos mais relevantes veículos dedicados ao futebol no país – dirigiu por muito anos a revista Placar (e por algum tempo também a revista Playboy), foi colunista do Lance! e é colunista do UOL e da Folha de S. Paulo. Em televisão, passou por Record, SBT, Globo, Cultura, RedeTV, ESPN Brasil e CNT; rádio, ainda faz CNB. Não faz muito, lançou um belo livro de memórias chamado Confesso que perdi (Cia. das Letras). As fotos tiradas da cena da conversa online são de Carlos Edler.  Parêntese: Juca, eu li teu livro, tuas confissões, o Confesso que perdi.  Juca Kfouri: Você conseguiu ler? P: Sim (risadas). É muito legal, excelente leitura. E, começando de trás pra diante, o teu livro termina com uma certa melancolia. Tu diz ali, com as tuas palavras: perdi isso, perdi aquilo, mas prefiro estar do lado dos derrotados – numa citação do Darcy Ribeiro. Vamos começar por aí: tu tem mais de uma face, e tu não pode ser acusado de derrotado em nenhuma delas, especialmente na de jornalista. JK: Mas então, Fischer, veja. Eu quero dizer é que claro que, pessoalmente, eu não me sinto um cara derrotado. Profissionalmente eu me dei bem na carreira, né. Mas em relação aos objetivos que eu tracei, seja na minha militância política, seja na minha vida profissional, o fato objetivo é que o Brasil é essa porcaria que a gente tá vendo hoje com o Bolsonaro, e o futebol brasileiro regrediu uma barbaridade. O Brasil não é mais o beautiful game [jogo bonito] que era quando eu comecei a minha vida profissional, e [fui derrotado] nas minhas lutas contra a corrupção do futebol, contra essa coisa “amadora” da gestão do futebol brasileiro, isso apenas piorou. Os meus amigos dizem: “Não, o livro devia se chamar ao menos Confesso que empatei, porque você, enfim, conseguiu afastar o Ricardo Teixeira, o […]

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