Entrevista

Círio Simon: “Entre o trabalho e a obra”

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Círio Simon: “Entre o trabalho e a obra” Círio Simon

Nesta entrevista, Círio Simon reconta momentos importantes de sua vida: as influências familiares, a formação no Instituto de Belas Artes e os mestres que ajudaram em sua carreira como muralista e professor.

Meus contatos com o professor Círio Simon foram sempre intercalados, mas de longa data.

Começaram nos anos 1980. Eu, professor na graduação de História da Arte na Faculdade de Música Palestrina, ele do Pós-Graduação. Um dia, na sala dos professores, eu arrumava meus slides, antes de iniciar uma aula. Ele, entrando e vendo-me absorto no que fazia, fulminou: “Isso não se usa mais!”  Olhei-o de soslaio, e deixei-o sem resposta. Mas pensei comigo mesmo: “Quem ele pensa que é, para me dizer o que fazer?” Continuei a vida toda usando meus “retratinhos”. Salvo uma que outra voz dissonante, com relativa aprovação.

O segundo momento foi ao final do milênio. Eu, na PUC-RS, usando meus “retratinhos” no curso de graduação, e tentando me doutorar. Ele também. Começamos a nos identificar. Éramos dois nonsense. Mais detalhes? Deixa assim.

Passaram-se os anos. Eu, no meu ramerrão docente, ele, no dele. Eu ouvindo, cá e acolá, comentários restritivos sobre suas competências de entregar o pensamento já empacotado e pronto. Mas lendo alguma coisa do que escrevia, sempre bem impressionado. Até que um dia, já meados de 2015, assisti uma palestra dele e do Paulo Gomes. Quando vi a forma respeitosa com que o Paulo a ele se referia, pensei: “Eu não estava enganado. Neste saco tem farinha da boa”.

Ultimamente isso mais e mais se confirma. Desde 2018, semanalmente nos encontramos no nosso Grupo de Estudos da AAMARGS (Associação de Amigos do Museu de Arte do Rio Grande do Sul) e nos cursos que temos lá ministrado. Com um detalhe: na hora de fazer os PowerPoints sempre a tarefa me é transferida. Entenderam por quê? 

Não sei se a presente entrevista, feita em tempos de pandemia, por meio de e-mails trocados, poderá servir para que o leitor tenha a mesma impressão. Esperamos que sim.

Arnoldo Walter Doberstein

Parêntese – Bem, professor, iniciemos pelo começo: como foi a infância?

Círio Simon – Nasci no meio de uns matos de Sarandi, município de Passo Fundo, às 4h30 do dia 16/09/1936. Só resolvi ir para uma sala de aula aos 8 anos completos, porque meu irmão, dois anos mais moço, resolveu ir. Era uma escola municipal de quatro séries, numa única sala, onde meu pai era o único professor. Foi ali que o bugre branco foi obrigado a aprender o português, devido ao estreito controle do Estado Novo, e a um pai que sabia da peste e me lavou as mãos, não com civilizadas palmatórias, mas com uma régua de madeira de lei maciça. Usávamos, para fazer as linhas nas nossas lousas (TAFEL) de pedra mesmo. Elas foram o meu primeiro lap-top, onde aprendi a desenhar com um cilindro de pedra.

FOTO FAMÍLIA

P – Bugre Branco? Como assim?

[Continua...]

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