Entrevista

Futebol: uma bola, dois campos

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Futebol: uma bola, dois campos
Quando criança, o uruguaio Gerardo Caetano Hargain passava os dias jogando futebol ou lendo sobre o jogo de bola. Tanto que seu pai lhe disse um dia, profeticamente: “Você vai ser como o Quixote, que de tanto ler sobre novelas de cavalaria se tornou cavaleiro”. E assim foi. De tanto ler sobre o ludopédio, virou jogador.  Aos 15 anos, passou a treinar nas categorias de base do Defensor, clube de Montevidéu. Três anos depois, aos 18, enquanto estudava História na Universidad de la Republica, ajudou seu time numa conquista inédita. Ele e seus companheiros levaram o Violeta a ser primeiro clube pequeno a conquistar o Campeonato Uruguaio depois da profissionalização – desde 1932, Peñarol e Nacional se intercalavam com a taça. Sua carreira em campo, que também teve o título sul-americano de juvenis com a Celeste, em 1977, terminou em 1982, quando passou a se dedicar à História e à Ciência Política. Caetano é reconhecido na América Latina e no mundo quando o tema é a história recente do seu país e do Continente. É figura carimbada também sempre que o assunto aproxima futebol da política e vice-versa.  Simpático e atencioso, e sem redes sociais nem WhatsApp, Caetano aceitou falar ao projeto DFC Entrevista – que tenho desenvolvido há tempos e que já resultou em um livro (Democracia Fútbol Club: o jogo de bola além das quatro linhas, editora Ludopédio) – depois de um contato por e-mail. Desde sua casa, no bairro Pocitos, na capital uruguaia, por meio de videochamada conversamos por quase uma hora e meia. Confira a conversa. Parêntese – Gosto de começar a entrevista pedindo para o entrevistado falar um pouco sobre a sua infância, onde nasceu e como o futebol entrou na vida dele, queria que o senhor falasse sobre isso.  Gerardo Caetano – Nasci em Montevidéu, faz já uns tantos anos. A cidade era, e ainda é, uma cidade muito futeboleira, e vivi em um bairro de classe média, média baixa, muito futeboleiro, de tal modo que entre os meninos do bairro se algum não sabia jogar futebol tinha problemas. Gostava muito de ler e de jogar futebol, eram duas atividades muito frequentes. Eu era o menor de quatro irmãos homens, jogávamos entre a gente, e o que tinha maior paixão pelo futebol era eu. Às vezes me pergunto: por quê? Talvez, porque, por exemplo, vivíamos a umas oito quadras do estádio Centenário, que é o principal estádio de Montevidéu e segue sendo até hoje, o estádio monumento histórico da FIFA. Entretanto, só me levaram ao estádio já grande, fui a primeira vez ao Centenário quando tinha 16 ou 17 anos. Eu lia revistas de futebol e escutava as partidas pelo rádio. Meu pai, que não gostava de futebol, me dizia: “Você vai ser como o Quixote, que de tanto ler sobre novelas de cavalaria se tornou cavaleiro”. E foi o que aconteceu, porque eu vivia muito preocupado e atento ao futebol, porque, claro, praticava, lia, e o escutava, que é uma maneira diferente de […]

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