Luciany Aparecida: a saudade e a aridez
Luciany Aparecida primeiro entrou na minha casa pelo correio. Ou melhor dizendo, Ruth Ducaso entrou. Recebi sem aniversário nem época de natal um pacote de presente e em meio a alguns outros livros enviados com carinho e um laço de fita lá estava ele: Contos ordinários de melancolia. A leitura foi um acontecimento no meu 2021. Eu que havia questionado ‘‘Conto ou Crônica’’ em 2020, me deparava com algo maior, Prosa ou Poesia?
Depois a ansiedade de entrar em contato com a autora, ‘‘E dizer o quê?’’. ‘‘Oi, li seu livro e adorei.’’ – Não, muito tiete. ‘‘Oi, tudo bem?’’ – Não muito informal. ‘‘Oi, li seu livro e ele me fez pensar, obrigada…’’. E assim se abriu um diálogo de amor à literatura, que se transformou numa live no meu perfil de instagram e a live se transformou nesta conversa.
Nathallia Protazio
Parêntese – Quem é Luciany Aparecida?
Luciany – Eu sou escritora, escrevo a partir da criação de algumas assinaturas, que é um trabalho que eu faço como uma performance de linguagem. Isto quer dizer: criar uma escritora e então realizar uma linha editorial para esta escritora, um jeito de escrever para/com ela, como é o caso da Ruth Ducaso. E recentemente tenho escrito também como Luciany Aparecida. Sou uma escritora feliz com o fato de escrever, não sou feliz com a trajetória político-histórica do nosso país, da estrutura presente aqui no continente americano e tudo o que isso significa, mas um dos meus lugares de existência é a palavra, é o texto. Para um corpo como o meu, na sociedade brasileira, a literatura estabelece uma relação de vida (porque é resistência).
P – De onde você é? Como foi a tua infância? Como nasceu esta relação com a literatura?
[Continua...]