Glau Barros: “Não quero ser a exceção”
Glau Barros tem no currículo inúmeros shows e é uma das mais importantes intérpretes na cena musical do Rio Grande do Sul. Entre seus espetáculos podemos citar “Glau Barros Canta Elis Regina”, “Noite dos Lobos – Canções de Lupicínio Rodrigues”, “Brasil Quilombo, Glau Barros canta Elizeth Cardoso”. É o título “Brasil Quilombo” que dá nome a seu primeiro CD, lançado em junho de 2019, no Teatro São Pedro.
A cantora, que completou 50 anos de vida em 2022 e já alcança 30 de carreira, nesta entrevista para a Parêntese, conta sobre suas referências no samba, fala da infância e dos ambientes familiar e escolar, retoma momentos importantes de seus primeiros passos. A cantora ainda aborda questões sobre o momento da pandemia e a dificuldade na realização de shows, além de opinar sobre os temas racismo, negritude e resistência.
Parêntese – Oi, Glau, imensa alegria te receber pra essa conversa. Sou mais que admiradora do samba, sou uma usuária viciada! E que alegria a minha vir morar em Porto Alegre e encontrar esta riqueza inesperada no sul do país. Conta um pouco pra nós, brasileiros de outros estados, o Rio Grande do Sul também é grande por causa do Samba?
Glau – Uma alegria também estar conversando com vocês!
O samba no RS é muito forte. Temos grandes sambistas que são referências aqui no sul, como Lupicínio Rodrigues – que mesmo não saindo de Porto Alegre teve projeção nacional e é gravado até hoje – Zilah, Machado, Túlio Piva, Mestre Paraquedas, Nego Izolino – estes últimos mais conhecidos aqui no estado, muito pela falta de espaço nas nossas mídias tradicionais, que por muito tempo e ainda priorizam o tradicionalismo, o rock gaúcho e deixa de lado a arte negra como o samba, o carnaval, o rap, o hip-hop e outras manifestações artísticas produzidas pela negritude e que são fundamentais na construção da cultura deste estado.
Na atualidade temos muitas e muitos sambistas tornando a cena do samba cada vez mais forte e acessando espaços que foram abertos por nossas referências!
P – Eu li numa matéria do Brasil de fato: “A primeira coisa que eu ouvi na vida dentro do meu seio familiar foi o samba, eu venho do carnaval”. Como foi esta infância dentro do samba em Gravataí? Como foi a tua relação com a família? As amizades?
[Continua...]