Capítulo 10: Nova vida
Os apitos intermitentes dos aparelhos monitoravam os sinais da nova vida. O leve mas constante incômodo da sonda e a sensação de nunca esvaziar completamente a bexiga logo foi reconhecido. Sabia, pelo transplante anterior, que o desconforto me acompanharia mais alguns dias, o necessário para que as ligações urinárias recentes funcionassem por conta própria.
– Há quantos dias tô aqui? – perguntei ao enfermeiro, enquanto ele me entregava as medicações.
– Daqui a pouco fecha 24 horas – respondeu me alcançando o copo com água.
– Puxa. Perdi totalmente a noção do tempo. – Espantada, empurrei as sete cápsulas para dentro da boca, engolindo-as de uma só vez.
Na UTI, o tempo se desdobrava num ritmo complexo demais para a cabeça de uma recém-transplantada.
[Continua...]