Capítulo 4: O meu nome é Paula
Porto Alegre, antes da engenharia e da separação. Meu nome é Paula. Assim que retornei tive que lidar com uma confusão mental que me tornou incapaz de dormir por muitas horas seguidas, e ainda assim acordar sem saber nem quando, nem o quê (ou quem). É uma sensação estranha, eu sabia que era alguém, um ser vivo, mas quem? Levava um tempo (segundos, minutos) para recordar. O meu nome é Paula. Quando percebi que escrever me ajudava a resgatar o mínimo: uma identidade que insiste em fugir, nunca mais parei. E escrever mesmo, digitar no word ou no celular não me ajuda, preciso da folha e da caneta. Ficaram com minha caneta, ficarão com meu bloquinho, mas ficarão de um jeito que para mim já ficaram… estou me perdendo de novo. Meu nome é Paula. E este bloquinho é outro, e é meu.
Papel e caneta fazem parte de meu dia a dia desde que optei por não levar celular comigo na Sankofa. Era imprevisível como os componentes do aparelho poderiam interferir no experimento. Um bloco de notas me serviria bem. E ainda me serve.
[Continua...]