Capítulo 9: Sim
Segurei com força o celular, pressionando-o contra a orelha, como se o exagero do gesto pudesse provar a origem da ligação. A respiração presa num único fôlego guardava o tempo dentro de mim, um espaço vazio que começava a ser preenchido por tudo o que eu havia vivido e tudo o que estava por vir.
– Sim – respondi a pergunta feita pela médica, soltando a respiração e o som retido na garganta, como se aprendesse a falar naquele instante.
Virei para meu pai, parado próximo à porta do quarto, e ergui o polegar em sinal positivo. Enquanto seus passos se afastavam, preparei-me para receber a história que talvez, em breve, viveria em mim.
– É um rim infantil – ela falou, cuidadosamente, explicando que o órgão viria de outro estado e só chegaria na manhã seguinte.
[Continua...]