Durante as últimas semanas se intensificaram as manifestações antifascistas em diversas partes do Brasil. A atualidade do debate sobre o antifascismo, do combate à exploração de classe, ao preconceito racial, à opressão de gênero e à homofobia, que estão vinculadas à luta antifascista, se mostram mais necessárias do que nunca. No entanto, se conhece muito pouco sobre a importância da luta contra o fascismo no passado, nem se conhecem os locais que eram ponto de reunião e organização dos antifascistas em nossa própria cidade. Essa memória é um elemento importante das lutas no momento presente, pois reforça a ideia de que existem tradições de resistência, que devem ser conhecidas e reivindicadas. A luta contra o fascismo em Porto Alegre foi um movimento muito amplo, diverso e multifacetado, que teve sua maior força entre o final dos anos 1920 e a primeira metade dos anos 1940. Uma das razões para essa pluralidade do movimento antifascista era o fato que o fascismo se apresentava em diversas variantes, dependendo da origem nacional dos sujeitos. Nesse período a cidade de Porto Alegre ainda tinha diversas comunidades étnicas que mantinham vínculos com seus países de origem, e isto foi um elemento de penetração do fascismo. Mas, como sempre é necessário afirmar, onde o fascismo avança, se levantam barreiras de resistência e luta, e, no caso de Porto Alegre, elas foram muitas. O antifascismo começa a se organizar localmente dentro da comunidade italiana, com a formação do Grêmio Antifascista Giacomo Matteoti, fundado no ano de 1926 para combater a influência do fascismo italiano. Durante os anos 1930, surgiram outros movimentos, como a Liga dos Direitos Humanos, principal organização dos antinazistas alemães, com forte influência anarquista, e o Centro Republicano Espanhol, que congregou os membros daquela comunidade contrários ao franquismo. Não eram apenas os imigrantes que enfrentavam este problema, pois os brasileiros tinham seu próprio fascismo a combater, o integralismo. Para barrar seu avanço foi criado, por influência comunista, o Comitê Antiguerreiro, e em 1935 foi instalada em Porto Alegre a maior organização antifascista do período, a Aliança Nacional Libertadora. Os judeus progressistas, reunidos no Círculo Social Israelita e no Grêmio Esportivo Israelita, igualmente davam combate aos integralistas que marchavam pelas ruas do Bonfim. Também é necessário registrar o caso dos ucranianos e bielorrussos, que combatiam os fascistas poloneses que desejavam sua assimilação e fundaram Luz Operária Russo Branca e Ucraniana. Para melhor caracterizar esses espaços de luta e organização, escolhi alguns exemplos de lugares de memória antifascista em Porto Alegre para contar sua história. 1. Livraria Americana (Grêmio Giacomo Matteoti): Para combater o avanço do fascismo na colônia italiana local um grupo de imigrantes formou, em 23 de junho de 1926, o Grêmio Antifascista Giácomo Matteotti. Este foi o primeiro grupo do gênero surgido em Porto Alegre. O nome escolhido homenageava o líder do Partido Socialista italiano assassinado por fascistas na Itália em 1924, após denunciar publicamente os crimes do regime encabeçado por Mussolini. Esse grupo era formado principalmente por artistas, artesãos e profissionais liberais, tendo […]
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