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Jandiro Adriano Koch: LGBTQI+

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Jandiro Adriano Koch: LGBTQI+ Não há como este texto ser não confessional. Não existe como evitar, aqui e ali, um tom de desabafo. Era para ser didático: junção da história e do significado das letras no acrônimo LGBTQI+. Pode até ser que permaneça informativo, mas não será impessoal. Também não quero repetir o que já tem em tanto beabá bem feito, textos acessíveis pelo Google. A não-parcialidade auxilia a dar certa identidade. Sempre me incomodei quando pediam para discorrer sobre “tudo”, em falas de uma hora e meia, sobre gênero e sexualidade, para os estudantes de Ensino Médio dos municípios do Vale do Taquari. Não pedem mais. Desde 2019, não recebo convites. Fui tema central de uma reunião de professores estaduais no início daquele ano. Meu nome foi proscrito. Não é para qualquer um a censura. Me achei: no sentido dúbio mesmo. Coisa desses tempos recentes. Como era trabalho gratuito, sinto um pouco de alívio e outro tanto de desconfiança. Exaurir o que há a dizer em uma hora, nem pensar. Impossível. Mas se eu conseguisse passar alguma noção. Que se juntaria, tempos depois, com outra informação, obtida de boa fonte. Que se junta com algo que talvez já soubessem. Talvez fosse por aí. Por vezes, só ver alguém LGBTQI+ assumido, formado, com livros publicados, palestrando, era suficiente para que o estudante entendesse que um mundo de coisas que lhe haviam dito até então talvez fosse, em boa parte, bobagem.  Há muitos textos bons pela internet. Mesmo nesses, em todos houve escolhas. Cortaram aqui e ali. Para inferir sobre algo que contempla um conjunto de letras com um sinal de adição ao final, só seguindo essa receita. É importante escrever isso para que, em uma matéria que pretende abordar inclusão, quando alguém notar faltas, não interprete mal – como exclusão. É o jeito. Não é um livro.  Por onde começar? Qual o marco inicial? Outra coisa chata a decidir. “Pode ser pelos gregos?” Todos gostam de citar esse povo, simplificando as relações entre pessoas do mesmo sexo, naqueles idos, como algo sem nenhuma restrição. Pegação geral! Não era tão simples. Kenneth James Dover explicou bem que afeminados, por exemplo, não eram bem vistos. Nem hoje são. Muitas vezes, são gays higienizados que os repelem. “Começa pela perseguição dos cristãos, que botavam todos na fogueira!” Quem sabe. É possível falar a partir do pai, do avô, do bisavô e, sem ser parente, a partir de quem quer que seja, em qualquer tempo e lugar do mundo. Gênero e sexualidade abrem um leque de possibilidades.  Por fim, ainda na introdução de um texto que já poderia estar terminando por aqui: não sei para quem estou falando. Quem é o leitor da (Parêntese)? Alguém sem conhecimento sobre a temática? Alguém que já leu Judith Butler, Michel Foucault, e que veio só para dar uma olhadinha para ver se tem algo fora do script? Um militante que já viveu na pele tudo o que os acadêmicos enfiam no Lattes, que bem sabe que entre prática e teoria são […]

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Não há como este texto ser não confessional. Não existe como evitar, aqui e ali, um tom de desabafo. Era para ser didático: junção da história e do significado das letras no acrônimo LGBTQI+. Pode até ser que permaneça informativo, mas não será impessoal. Também não quero repetir o que já tem em tanto beabá bem feito, textos acessíveis pelo Google. A não-parcialidade auxilia a dar certa identidade. Sempre me incomodei quando pediam para discorrer sobre “tudo”, em falas de uma hora e meia, sobre gênero e sexualidade, para os estudantes de Ensino Médio dos municípios do Vale do Taquari. Não pedem mais. Desde 2019, não recebo convites. Fui tema central de uma reunião de professores estaduais no início daquele ano. Meu nome foi proscrito. Não é para qualquer um a censura. Me achei: no sentido dúbio mesmo. Coisa desses tempos recentes. Como era trabalho gratuito, sinto um pouco de alívio e outro tanto de desconfiança. Exaurir o que há a dizer em uma hora, nem pensar. Impossível. Mas se eu conseguisse passar alguma noção. Que se juntaria, tempos depois, com outra informação, obtida de boa fonte. Que se junta com algo que talvez já soubessem. Talvez fosse por aí. Por vezes, só ver alguém LGBTQI+ assumido, formado, com livros publicados, palestrando, era suficiente para que o estudante entendesse que um mundo de coisas que lhe haviam dito até então talvez fosse, em boa parte, bobagem.  Há muitos textos bons pela internet. Mesmo nesses, em todos houve escolhas. Cortaram aqui e ali. Para inferir sobre algo que contempla um conjunto de letras com um sinal de adição ao final, só seguindo essa receita. É importante escrever isso para que, em uma matéria que pretende abordar inclusão, quando alguém notar faltas, não interprete mal – como exclusão. É o jeito. Não é um livro.  Por onde começar? Qual o marco inicial? Outra coisa chata a decidir. “Pode ser pelos gregos?” Todos gostam de citar esse povo, simplificando as relações entre pessoas do mesmo sexo, naqueles idos, como algo sem nenhuma restrição. Pegação geral! Não era tão simples. Kenneth James Dover explicou bem que afeminados, por exemplo, não eram bem vistos. Nem hoje são. Muitas vezes, são gays higienizados que os repelem. “Começa pela perseguição dos cristãos, que botavam todos na fogueira!” Quem sabe. É possível falar a partir do pai, do avô, do bisavô e, sem ser parente, a partir de quem quer que seja, em qualquer tempo e lugar do mundo. Gênero e sexualidade abrem um leque de possibilidades.  Por fim, ainda na introdução de um texto que já poderia estar terminando por aqui: não sei para quem estou falando. Quem é o leitor da (Parêntese)? Alguém sem conhecimento sobre a temática? Alguém que já leu Judith Butler, Michel Foucault, e que veio só para dar uma olhadinha para ver se tem algo fora do script? Um militante que já viveu na pele tudo o que os acadêmicos enfiam no Lattes, que bem sabe que entre prática e teoria são […]

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