Ex-secretário do meio ambiente da Capital teve R$ 100 mil em bens bloqueados. Gestão de Marchezan promete recuperar espaço após pressão de ambientalistas, que denunciam a morte de 35 mil plantas
A espécie de árvore Apuleia leocarpa, popularmente conhecida como grápia ou garapeira, chegou ao sul vinda da Amazônia após trilhar um caminho tortuoso por rios e bacias ao longo de milhares de anos. A gigante de até 30 metros de altura se adaptou à vegetação porto-alegrense como se fosse nativa após sua chegada no Guaíba por meio dos efluentes Uruguai e Jacuí. Mas sua madeira nobre a tornou alvo de madeireiros. Hoje, restam 50 grápias catalogadas em Porto Alegre. Duas podem ser vistas na Avenida Guaíba, na orla. As outras 48 fazem parte do viveiro municipal, que vive um abandono inédito em mais de 60 anos de existência e tornou o governo Marchezan réu numa ação civil por improbidade.
Depois de um esforço coletivo de ONGs, ambientalistas e do Ministério Público, a prefeitura promete recuperar o local até o fim do mandato. A pauta ambiental deve voltar à cena dos debates eleitorais após a política levada a cabo por Marchezan terceirizar serviços e reduzir o papel da tradicional Secretaria do Meio Ambiente de Porto Alegre, a primeira pasta destinada à área criada no país, em 1976. O prefeito tucano voltou o foco da Secretaria para desburocratizar licenças ambientais, a exemplo da agenda do ministro Ricardo Salles, que se tornou alvo de críticas e sanções internacionais ao enfraquecer os mecanismos de controle e conservação da Amazônia. Um estudo do Parlamento Europeu, divulgado ontem, sugeriu denunciar Brasil em Haia pela falta de proteção da região amazônica.
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