Homeschooling no dos outros é refresco | Parêntese

José Luís Ferraro: A pandemia e o homeschooling

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José Luís Ferraro: A pandemia e o homeschooling O distanciamento social atualmente em vigor faz voltar à pauta a discussão sobre o homeschooling. No momento em que a crise sanitária atual nos impõe certa privação de circulação, algumas escolas e universidades têm optado pelo envio de tarefas ou por aulas à distância. O homeschooling já foi prioridade na agenda do atual governo sob os cuidados do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos em 2019 – em que pese decisão contrária proferida pelo Supremo Tribunal Federal, ainda em 2018. No entanto, devemos atentar à diferença entre o que se estabelece como estudos domiciliares – efeito da pandemia – e o homeschooling como modalidade de educação domiciliar em sua acepção original.O homeschooling surge na década de 1970, nos Estados Unidos, como iniciativa de grupos de religião protestante pelo direito de ensinar as crianças sob uma lógica específica, dissonante em relação à educação laica oferecida pelo Estado. Nessa modalidade os estudantes não frequentam escolas. Isso significa que não seguem um currículo formal e que os conteúdos, bem como os tempos das aprendizagens, são definidos pelos tutores ou pelos pais, responsáveis pela educação de seus filhos.A atual realidade, no entanto, justifica os denominados estudos domiciliares – que não se configuram como homeschooling  – em meio à situação emergencial. Os estudantes não estão sendo escolarizados em casa, mas passando uma temporada estudando em seus domicílios. Suas aprendizagens continuam dirigidas pelos currículos das instituições formais de educação, seja das escolas ou das universidades, no caso do ensino superior. Currículos estes que seguem documentos que orientam as políticas educacionais estabelecidas para o país, como é o caso da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), na educação básica.Isso significa que a atual experiência adotada como medida paliativa à crise pandêmica não conta com tutores, pais ou responsáveis como protagonistas da organização e/ou seleção daquilo que deve ser estudado pelos alunos nesse período em suas casas, já que eles têm seu tempo preenchido por atividades planejadas por seus próprios professores que também seguem na modalidade de trabalho remoto. Considerando a realidade nos ensinos fundamental e médio, a normalidade relacionada à rotina de estudos tenta ser mantida em meio às incertezas que impactam, entre outras coisas, as projeções sobre o retorno às aulas presenciais. Pais e responsáveis em home office ajudam seus filhos no cumprimento de suas tarefas, o que também acaba por sobrecarregá-los, não pelos tipos de conteúdos, mas pelo excesso de trabalho que tem sido enviado, bem como pelos prazos. Por outro lado, os professores, em sua maioria não-nativos digitais, se deparam com uma realidade inesperada que requer – para além do planejamento de suas aulas – um trabalho extra que envolve gravação e edição das aulas, seu upload em plataformas específicas, a produção de materiais de apoio para as aulas virtuais, o envio de tarefas relacionadas aos tópicos das aulas, a confecção de avaliações e suas correções, além de estarem disponíveis durante seu período de trabalho para sanar dúvidas online. São estes mesmos docentes que relatam que têm trabalhado mais agora, em casa, do que trabalhariam em condições normais utilizando, inclusive, o tempo destinado às reuniões pedagógicas para aprenderem sobre plataformas digitais […]

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O distanciamento social atualmente em vigor faz voltar à pauta a discussão sobre o homeschooling. No momento em que a crise sanitária atual nos impõe certa privação de circulação, algumas escolas e universidades têm optado pelo envio de tarefas ou por aulas à distância. O homeschooling já foi prioridade na agenda do atual governo sob os cuidados do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos em 2019 – em que pese decisão contrária proferida pelo Supremo Tribunal Federal, ainda em 2018. No entanto, devemos atentar à diferença entre o que se estabelece como estudos domiciliares – efeito da pandemia – e o homeschooling como modalidade de educação domiciliar em sua acepção original.O homeschooling surge na década de 1970, nos Estados Unidos, como iniciativa de grupos de religião protestante pelo direito de ensinar as crianças sob uma lógica específica, dissonante em relação à educação laica oferecida pelo Estado. Nessa modalidade os estudantes não frequentam escolas. Isso significa que não seguem um currículo formal e que os conteúdos, bem como os tempos das aprendizagens, são definidos pelos tutores ou pelos pais, responsáveis pela educação de seus filhos.A atual realidade, no entanto, justifica os denominados estudos domiciliares – que não se configuram como homeschooling  – em meio à situação emergencial. Os estudantes não estão sendo escolarizados em casa, mas passando uma temporada estudando em seus domicílios. Suas aprendizagens continuam dirigidas pelos currículos das instituições formais de educação, seja das escolas ou das universidades, no caso do ensino superior. Currículos estes que seguem documentos que orientam as políticas educacionais estabelecidas para o país, como é o caso da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), na educação básica.Isso significa que a atual experiência adotada como medida paliativa à crise pandêmica não conta com tutores, pais ou responsáveis como protagonistas da organização e/ou seleção daquilo que deve ser estudado pelos alunos nesse período em suas casas, já que eles têm seu tempo preenchido por atividades planejadas por seus próprios professores que também seguem na modalidade de trabalho remoto. Considerando a realidade nos ensinos fundamental e médio, a normalidade relacionada à rotina de estudos tenta ser mantida em meio às incertezas que impactam, entre outras coisas, as projeções sobre o retorno às aulas presenciais. Pais e responsáveis em home office ajudam seus filhos no cumprimento de suas tarefas, o que também acaba por sobrecarregá-los, não pelos tipos de conteúdos, mas pelo excesso de trabalho que tem sido enviado, bem como pelos prazos. Por outro lado, os professores, em sua maioria não-nativos digitais, se deparam com uma realidade inesperada que requer – para além do planejamento de suas aulas – um trabalho extra que envolve gravação e edição das aulas, seu upload em plataformas específicas, a produção de materiais de apoio para as aulas virtuais, o envio de tarefas relacionadas aos tópicos das aulas, a confecção de avaliações e suas correções, além de estarem disponíveis durante seu período de trabalho para sanar dúvidas online. São estes mesmos docentes que relatam que têm trabalhado mais agora, em casa, do que trabalhariam em condições normais utilizando, inclusive, o tempo destinado às reuniões pedagógicas para aprenderem sobre plataformas digitais […]

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